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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

MORAR SOZINHO


Viver sózinho tem umas coisas estranhas.
Se a pessoa não tiver o que fazer é uma porta para a loucura.
Viver junto exige esforço para se adaptar aos outros e as pessoas sozinhas, ao contrário, se acomodam. Vão ficando preguiçosas, querem fazer menos esforço e com isso ficam mais sozinhas.
Muitas vezes arranjam qualquer motivo para não sair.

É fato que existe o oposto, pessoas que não conseguem ficar sózinhas e que fazem de tudo para não estar. Topam todos os convites, vão a todos o lugares possíveis, numa febre de atividade que também não as faz felizes. Quando voltam para casa estão mais solitárias do que quando saíram.

Como em tudo, o melhor caminho é o do meio.

Tive uma conversa admirável com um cliente americano que me contava que ele, a mulher e as duas filhas sempre fazem um esforço para sentarem juntos, no jantar, e embora a mais velha agora esteja morando fora por causa da faculdade, ela também procura fazer isso quando está em casa.
O que tornou isso mais interessante é que hoje, famílias dentro da mesma casa, vivem a situação de cada um ter uma rotina diferente e ser comum que cada um coma num horário diferente, e cada um tenha uma televisão no quarto, às vezes até assistindo a mesma coisa.
Eles, ao contrário, se esforçam para ter uma vida de família.

Perdi esse referencial.
Aliás, perdi muitos referenciais.
Li e devo ter replicado aqui que quem sente mais a separação é o homem, que perde o entorno, a família e a casa e para uns isso faz tanta falta que casam novamente bem rapidinho.
Os outros, como eu, embora sintam, não demonstram de imediato ter sentido o golpe porque achamos que é assim que faz um adulto.

Estou longe da minha família e a separação me afastou mais ainda deles, porque, como já escrevi aqui, na falta de boas notícias eu não dava era nenhuma. Essa solidão algumas vezes deu maior dimensão ao meu empobrecimento afetivo e ao que era dos outros e me era emprestado.

Temos que estar dispostos às várias implicações que existem em não ficar só.
Como tudo,  também é uma questão de escolha.

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