Total de visualizações de página

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

PELO MENOS ESTOU ME SENTINDO EM CASA

Tenho andado com muita coisa na cabeça.

Na maior parte do tempo a gente vai sobrevivendo, sem se preocupar muito para onde está indo.  Este tem sido um momento no qual eu tenho procurado ver qual é a minha realidade e tentando me adaptar a ela.
Às vezes, a realidade pode não ser tão cor de rosa como gostaríamos que fosse.

Olho à minha volta e me sinto feliz com o que vejo.
Esse apartamento está com cara de minha casa.

sábado, 28 de janeiro de 2012

O BAR DO JOÃO

Em Itaipava tem um sujeito que tem um boteco que, me parece, fica fechado durante o dia e abre à noite quando ele quer. Estive lá uma única vez, mas não esqueci porque me contaram que o João, esse é o nome dele, só coloca as músicas que ele quer colocar.

Vira folclore.


Sou viciado em música e tenho um gosto muito eclético, mas muitas vezes estou ouvindo as mesmas músicas e os mesmos cantores. Por vezes tenho pensado numa renovação mais frequente, já que vez ou outra tento algo diferente. 

Ouvir coisas diferentes com mais frequência e ver se eu gosto e aprender a baixar música da Internet. 

Se não fizer isso vou ficar folclórico como o João.

UMA NAMORADA SINCERA

Um amigo me conta de coisas que a namorada lhe disse, e talvez ele esteja até reclamando quando faz isso, mas eu consigo ver do que ela está falando e fico encantado com ela, que é duma sinceridade rara. 

Ela vê algumas coisas nele que ele mesmo não consegue ver e dá os toques.


Fala tudo que tem falar, com todas as letras e se ele fosse esperto aproveitaria muito do que ela fala porque, já disse a ele, lhe pouparia anos de terapia. 


Na verdade me dá até uma certa inveja porque foi exatamente o que eu pensei um dia desses quando falava do proveito que você poderia tirar de uma visita ao terapeuta de alguém que te conhecesse muito.


Não sei se ele percebe a profundidade e a realidade dos insights dela a respeito dele.

São verdadeiros já que eu consigo ver também, só que não falei nada.

Criticar pode até por maldade ou para machucar e ele pensa que pode ser o caso. Não a conheço, mas não importa muito porque se a crítica tem fundamento sempre pode ser usada a seu favor, não importa de onde venha.


Uma das coisas mais difíceis é se enxergar.  

Reconhecendo onde você erra fica mais fácil de consertar.

Ex seriam de grande ajuda para tornar melhores seus parceiros, mas seria difícil que pensassem que vale o investimento, quando não estão mais juntos, mas também poderiam ver a vantagem quando ainda tem muita vontade de não deixar pedra sobre pedra.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

UM CASO DE FAMÍLIA

Mariazinha,

Acho muito bom que nessa altura da vida vocês duas se coloquem uma para outra. .
Antes tarde do que nunca.
E já que nos colocaram para participar disso, nos incluindo nesse email, vou dar minha opinião.
Ouvi uma vez que a Chiquinha era ciumenta, e nesse caso também talvez exista da parte dela uma ilusão de uma intimidade que ela acredita sinceramente que existiu.
Talvez falte da parte dela um pouco de consciência da maneira como fala e que isso não seja tão aceitável como ela pensa que tem que ser.

Existem duas coisas que todos, sem exceção, falam a respeito dela. Uma delas é que ela é estabanada e a outra é que ela é toda coração. Ser barulhenta e estabanada talvez não tenha mais conserto, mesmo que ela consiga ver os efeitos que isso causa nos outros e quem sabe até na própria filha, mas ser toda coração de conserto não precisa.  Em contrapartida a isso você sempre foi considerada contida e fria, talvez nesse aspecto, a mais parecida com a mamãe.

Ouvi pela primeira vez uma outra pessoa descrevendo o Zezinho com um ausente e pela primeira vez pude ter uma outra compreensão do que pode ter sido a sua vida, mas também nunca vi você de muito chamego com seus filhos, nem quando eram pequenos.
Talvez apenas eu não tenha visto e eles tenham tido muito mais carinho de você do que a gente imagina.

Talvez essas diferenças de personalidade sejam o que nos faz começar a fazer parte de alguma tribo urbana, de pessoas com as quais nos identificamos mais e criar uma família de amigos ou formando e sentindo a nossa própria família de uma maneira diferente.

Não ser surpresa para ninguém que você viesse a se casar novamente é uma coisa, mas não ser comunicada por você antes, e tomar conhecimento através de outros é outra completamente diferente, já que a Chiquinha ainda valoriza o relacionamento que ela julga que vocês tiveram. Você dizer que espera que a mamãe conte alguma coisa, só se for pessoalmente porque ela provavelmente nunca irá ligar para nenhum de nós apenas para conversar. Não é ela. As qualidades dela são outras e eu a admiro por isso.

Você não é a única que fica sabendo das notícias em segunda mão ou por outras formas e achei muito boa a sua iniciativa de criar um grupo para que uma família com tantos tios e primos como a nossa se comunique, mas tenho certeza que não será ali que você tomará conhecimento de notícias de saúde ou mais pessoais dos seus irmãos. Essa é uma relação que precisa ser construída. Também não vai ser um email esporádico que vai corrigir um distanciamento criado em anos. Essa intimidade precisa ser cultivada.

Não vi você dando ao episódio a importância que para a Chiquinha teve. 
Vi você tentando nos convencer que não fez nada de errado.
Um dia desses li que relacionamentos dão trabalho, e se você quer um é melhor estar disposta a isso.
Existem outras verdades que não são as nossas.
Também é preciso ter uma mente mais aberta a outras maneiras de fazer as coisas, assim como de se comunicar, para que isso não se transforme num outro "Frango da Cinco".
Se você quer aproximação com a família, torne isso uma coisa real. Na minha opinião, teria custado menos e teria um efeito muito melhor se você tivesse se desculpado com ela e dissesse que tendo entendido o ponto de vista, cuidaria para que, de uma próxima vez ela fosse uma das primeiras pessoas a ser comunicada de alguma notícia relevante a seu respeito. 

Eu podia ter ficado quieto.

                                                      (Mariazinha, Chiquinha e Zezinho são nomes fictícios, mas a estória é verdadeira)

A PERSPECTIVA DO TEMPO

"Algum dia você vai perceber que eu tenho pés de barro", meu pai escreveu-me recentemente em um e-mail, esse meio mágico que abre novas linhas de comunicação, "e então ficará desapontada". Ele estava respondendo ao amor e à admiração que eu estava expressando pelo correio eletrônico. "Não se preocupe", respondi. "Sei dos seus pés de barro. Quando eu era adolescente, eu só enxergava isso".

Deborah Tannen no livro "Só estou dizendo isso porque gosto de você".

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ME DÁ FORÇAS PARA EU SER O QUE EU POSSO SER

Se fosse preciso escolher aquele único livro para levar para a ilha deserta seria um que li há dois anos. Coloquei aqui uma parte do que me tocou mais, com o título do livro: "A Yoga da Disciplina" e eu acho que está na hora de buscar minhas anotações dele e andar lendo tudo novamente até me sentir dono de mim, porque tenho tropeçado muito no caminho.

De maneira geral, lemos muito, ouvimos muito, porém, internalizamos pouco.

Eu gostaria muito de convencer a pessoa que eu mais amo a ter uma lista de coisas a fazer. A segunda coisa que eu gostaria de convencê-la seria de carregar com ela e olhar essa lista com frequência. Metade dos problemas dela estariam resolvidos. Mas é meu caso também. Tenho as listas, mas muito vai ficando para depois. Não sou dono de mim, tanto quanto gostaria de ser.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

ADULTOS NÃO FUNCIONAIS

Me assusta às vezes ver como as pessoas se enxergam, ou até poderia dizer de outra maneira;
Me assusta às vezes ver que as pessoas não vêem quem são e o que estão fazendo.
Estou apavorado com a quantidade de adultos que conheço que não são capazes de ser responsáveis por si mesmos. São crianças em corpos de adultos.

O que provocou pensar nisso novamente hoje foi conversar com um desses, que tem o pai pagando a pensão de seus filhos, mora num apartamento do pai, onde além de não pagar aluguel, não paga nem condomínio ou imposto e ainda me dizia como se estivesse fazendo algo importante que paga as contas do apartamento, que nesse caso são apenas luz e gás e internet. Ele não está passando por nenhum problema que exigisse isso, nem está se esforçando para sair disso. Simplesmente acostumou.
E o pai dele tem oitenta e três anos e, pelo que eu sei, não tem folga financeira.

As pessoas não se enxergam.

Uma outra que não tem um emprego ou um trabalho consistente há anos,  e vive por conta da mãe de oitenta anos, comentava a respeito dum investimento que um conhecido havia feito numa festa, dizendo que não havia dado resultado financeiro e falava que deveriam pensar nela para algo como aquilo, porque tinha mais experiência em eventos que o parceiro que convenceu a pessoa a investir naquela tentativa.
Ela não tem nenhuma experiência nisso. Só na cabeça dela.

Tenho acompanhado o caso de vários outros jovens adultos que não estão fazendo nada para se tornarem independentes. Tenho a impressão que não conseguem lidar com a realidade da sobrevivência e vivem numa realidade paralela. Também penso que isso acontece porque alguém toma para si as responsabilidades que poderiam fazê-los crescer. Se fossem obrigados pela necessidade a fazer algo para sobreviver, tenho certeza que fariam.

Não sei se isso me incomodou mais agora porque estou encarando todas as minhas realidades, mas como sempre, olhando para o que vejo errado nos outros eu procuro me ver naquilo também e fico me perguntando, mais uma vez, se eu estou conseguindo me enxergar.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

CRIANÇA PEDE E GOSTA DE LIMITES

Estava há dois dias com meu primo, pai de uma menina muito esperta de quase dois anos.
No dia anterior à noite saímos com pressa para comprar uma meia para ela, que iria sair conosco para uma festa familiar e a deixamos com a mãe. Quando voltamos a pequena estava dando um baile. Começou a chorar desde o momento que saímos de casa e continuou, sem parar, depois que voltamos.
Os pais muito calmos, tentavam algum diálogo, sem nenhum sucesso e depois de um bom tempo desistiram de levá-las já que a empregada que ia mesmo ficar em casa, se ofereceu para ficar com ela e disse que se eles não estivessem em casa ela já teria se acalmado.
No dia seguinte, pelo meio da manhã, quando estava perto de sairmos para um almoço em casa de parentes, o baile ameaçou recomeçar. Foi quando eu disse para ela que ela não ia começar com tudo aquilo de novo.
Ela olhou para mim e parou imediatamente.
Saímos para o almoço e ela andava para lá e para cá na casa, mesmo quando fomos almoçar e algum momento parou do meu lado na mesa e começou a me fazer carinho passando a mão no meu braço e disse alguma coisa falando minhoquinha, que foi parte de uma das brincadeiras que havíamos feito naqueles dias.
Fiz carinho nela também e com mais um pouco ela continuou seu passeio pela casa.
Sem problema nenhum com ter colocado limites para ela antes de sairmos de casa.

UMA ANALOGIA ENGRAÇADA

Estou lendo um livro sobre as mudanças sociológicas nos relacionamento afetivos das pessoas, mas um certo momento a autora comenta que as mulheres podem preferir uma noite com as amigas a uma noite com um homem pouco conhecido e faz a analogia se referindo ao mercado financeiro:

"Uma noite com as amigas traz recompensas líquidas e certas, enquanto uma noite com um homem que mal conhece pode ser uma perda total. Amizade é um título, mas um relacionamento amoroso é um capital especulativo."

MOTIVO PARA NÃO SABER

Uma vez li que um dos motivos pelos quais não fazemos tudo que temos que fazer em nossas vidas é não querermos a frustração da expectativa de que quando fizermos tudo vamos ser premiados.

Na maior parte das vezes não somos.

Estou fazendo tudo que tinha me proposto fazer.

Mesmo que não venha o prêmio.

NÃO EXISTE MEIA ÉTICA

Estava com uma pessoa que pediu uma opinião a respeito de um assunto, para saber o que eu pensava sobre determinada atitude sob o aspecto ético. Como eu respondi com veemência que não era ético, ele não ficou satisfeito com a resposta que dei e tentou argumentar para me convencer do contrário.
Sou a pessoa errada para se fazer determinadas perguntas, se o que a pessoa deseja é o reforço para o que queria fazer e já não lhe parecia muito certo, e não um opinião sincera de quem gosta do que é correto e também da pessoa que pergunta, porque é sempre mais fácil não confrontar e não servir de consciência para ninguém.

Com algumas pessoas, é melhor estar disposto a trata-los como as crianças que são, não vendo o óbvio porque simplesmente não querem ver nada que não gire em torno do proprio umbigo. Há pouco tempo me incomodei muito com a atitude de uma menina, que tratava tudo do que se falava, assim como as pessoas, incluindo as muito mais velhas, como se ela tivesse a única opinião que valesse alguma coisa. Embora eu até pudesse falar alguma coisa, essa aí não me perguntou nada. Ela sabia todas as respostas.


Tenho me questionado usando pontos de vista diferentes do meu porque sei que essa é uma oportunidade de crescimento e eu estou interessado nisso. Estive com uma tia avó, fazendo noventa anos e ela conversando comigo me dizia que pensava em determinados assuntos se questionando aonde ela podia ter errado, para se corrigir, se fosse o caso. Ela, que, nessa altura, poderia se considerar dona de todas as verdades necessárias para a sua vida.


O desrespeito a regras e leis para o benefício próprio tem sido constante quando observamos nosso cotidiano. Muitas pessoas agem como se a vantagem que elas levam fosse mais importante que o prejuízo que elas causam a outros. Não prejudicar aos outros é o que é ético, mesmo quando não tem ninguém olhando.


Não estou falando em lei, porque mesmo quando essa existe, muitos só a obedecem quando tem alguém observando. No transito, por exemplo, andar no acostamento ou entrar na frente de uma fila de carros que aguardam ordenadamente para entrar em algum acesso é constante. A correção dessas atitudes pode acontecer quando se paga por elas, numa multa, por exemplo. A pessoa aprende que se repetir pode pagar por isso. Muitas vezes funciona.


Outras atitudes podem prejudicar muito mais e não tem lei para elas.

Ética não precisa de lei, precisa de consciência.

Um cliente nos chamou a atenção pelo fato de um parceiro de negócios ter dado um cartão de visitas e mencionado que ligasse, se precisasse alguma coisa. Não precisamos fazer nada, o cliente já via ele como antiético e, consequentemente, não confiável, e nos alertava.


Podíamos fazer mais juntos, tinha boas qualidades para o trabalho.

Mas faltou uma essencial.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

SE DAR DIREITOS


Ir para a academia além do equipamento ser de primeira, ter estacionamento e não precisar levar toalha tem algo mais. Tem tanta gente que fala comigo e que me festeja que isso me dá prazer. Estou acostumado com tudo isso e eu tenho andado meio quieto, então acho que isso vai ser bom nesse instante.


Minha academia é muito boa mas é muito cara, então todas as vezes que eu via que não ia frequentar, achava que era um bom motivo para adiar a volta e assim foi indo até ontem. Estou com um mês muito parado e estou querendo ver alguma vantagem disso, antes de dar por terminado esse curto período sabático no qual  me dei o direito de não me incomodar com isso e só me movimentar quando achar que vale a pena ou souber para aonde estou indo.

Vi uma definição muito boa num artigo de Luciene Schalm:

Sabático:   período para parar e refletir, pensar, descansar, curtir, olhar as coisas sob outra perspectiva e dimensão.  Avaliar o que sou e o que eu posso ser, criar uma nova condição para o equilíbrio mental, físico e espiritual.  Revisão da alma, oxigenação, se comprometer melhor com a visão que Deus lhe deu.  Coragem para perceber o novo.


Fazem muitos anos que eu não sei o que são férias. Sempre estou no meio de alguma coisa e disponível para o trabalho sem ter muito critério na hora de ver o que seria importante ou não para justificar não ter uma folga maior. Na verdade isso é um senso de obrigação terrível. 

Me leva novamente a me ver como sendo das pessoas que vêm à vida a trabalho tendo enquanto existem os outros que vem a passeio.


Mas enquanto você não se dá direitos a vida vai passando.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

HORA DE MUDAR


Eu tinha o sentimento de que não estava voltando para nada e para ninguém e com isso estava livre tanto para voltar mais tarde, como para pensar em qualquer lugar como uma possibilidade. Minha única filha está casada e tem sua vida. Eu estou separado há tempo suficiente para saber que é definitivo, estou sozinho e não estou afim de estar com alguém, simplesmente por estar com alguém.

A vida não tem sentido.
É preciso que cada um invente um sentido para ela.
Eu, mais uma vez, preciso me reinventar.

Tenho pensado num futuro diferente, sem saber o que isso realmente significa. Apenas me abrindo para pensar em mudar a vida. Isso traz uma revisão dos paradigmas.

Como um exercício apenas, vejo todos os lugares como alternativas. Nestes últimos trinta dias estive em Curitiba, Rio, Teresópolis, São José e Brasília, além de São Paulo. Olho tudo com curiosidade, querendo saber como eu me sentiria vivendo ali e quais seriam as chances disso acontecer. Tenho tido uma certa curiosidade a respeito da minha empregabilidade, porque "apesar de não muito moço, me sinto são e salvo e forte".

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TIA CLARITA E UMA DAS ESTÓRIAS DELA

Fui a Brasília visitar tia Clarita, que é uma tia avó, irmã de meu avô materno. Como outras coisas eu também ia deixando essa para depois e depois não chegava.
Agora veio a ocasião.
Fui especialmente para a festa que comemorou seus noventa anos.
Fiquei extremamente feliz de ter ido e a encontrei com uma memória fabulosa, assim como a disposição.

Estive com ela os três dias que estive lá e a festa foi movimentadíssima.
Lá pelas duas e pouco da manhã as pessoas estavam saindo e uns estavam falando em ir para um clube noturno e só de brincadeira fui até perto dela e falei para meu primo Renato para perguntar para ela se ela não queria ir. Ela, que estava vestida exatamente igual ao enfeite do bolo acima, disse que sim, se pudesse trocar de roupa.

O papo nesses dias foi ótimo. Ela continua contando estórias, com graça e humor. Ouvi algumas, umas outras estavam num livretinho que haviam preparado para a ocasião. Aqui vai uma delas, copiada de lá:

VELHAS


Era uma das minhas grandes amigas. Elegante, vaidosa, charmosa. Enfim, uma pessoa encantadora.


Mas era apavorada com a velhice.


Não se podia falar perto dela de coisas do passado. Músicas antigas, da nossa época, não conhecia nenhuma. Não era do meu tempo, dizia. Na presença de outros, não deveríamos revelar nossa idade, porque poderiam achar que a dela era igual. Plásticas e mais plásticas lhe garantiam a eterna juventude.


Certo dia íamos de carro. Ela dirigindo e ambas no maior papo.


De repente apareceu um homem apontando para nós com a cara zangadíssima. Como não sei dirigir, não consegui imaginar o que ela fizera de errado. 

Aproximando, ele gritou: "Suas p.... velhas!"


Ela olhou para mim, quase chorando, e disse: "P.... eu não me incomodo. Mas VELHAS?!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

DEPOIS DA SEPARAÇÃO

Escutei a respeito de uma moça, que não conheço, que teve um relacionamento longo com um homem que tinha filhos de um outro casamento e que quando a relação terminou encontrou com a filha dele, com a qual muito havia convivido e ela simplesmente não sabia o que fazer. Ela ficou muito desnorteada com aquilo, porque julgava que havia feito parte da vida da menina e que o fim da relação deles como casal não deveria apagar isso.

Os finais de casamento trouxeram isso. As pessoas não sabem o que fazer e alguns agem como se fosse necessário escolher um lado e que, fazendo isso, estão excluídas as possibilidades de relacionamento com o outro parceiro. Gosto de agir com muita transparência e por esse motivo, quando encontrei meus tios e minha prima, disse a eles que continuava gostando e me relacionando com o ex marido da minha prima, que também é padrinho da minha filha.

Ele inclusive me havia feito um convite para passar um fim de semana e eu só não ia porque exige avião e tempo e eu já estava com muita coisa programada para estes dois meses, mas queria falar que isso acontecia para eles em nome de uma total honestidade. Mesmo tendo uma paixão por minha família consigo continuar gostando dele também.

Uma vez minha ex me contou que meu enteado mais velho havia dito a ela que ele havia se tornado a pessoa que ele era devido a ela e a mim. Aquilo me deixou muito orgulhoso e tive que ouvir isso dele também. Mas hoje é como eu não tivesse passado pela vida deles. Foram vinte e cinco anos. Sei que fiz parte da criação de todos eles, mas depois da separação eu também já tive os meus momentos de não saber o que fazer.

SER AUTISTA POR OPÇÃO

Ouvi o comentário de um ex-cunhado a respeito duma pessoa dando uma definição, que eu, conhecendo o casamento que aquela pessoa teve, não pude deixar de achar sucinta e perfeita:
"- Era um autista, vivia num mundinho dele."

Achei muita graça, mas tudo que serve para os outros pode servir para mim também.

Voltei ontem de viagem e embora tenha dado e tido umas poucas notícias, passei quase que o dia inteiro num mundinho só meu.  E ainda estou ambicionando um ou dois dias que eu possa me dedicar exclusivamente a coisas do meu mundinho e só olhando aquilo que está dentro de mim.

Isso é impossível num casamento ou num relacionamento que preste.

Pessoas chegam num ponto aonde vêem no fato de estar sozinhos algumas conveniências e passam a ser muito mais seletivos quanto ao uso do seu tempo e muito ciosos de sua liberdade de ir e vir, na hora que assim o desejam. E assim veem motivos para que não seja tão ruim ficarem sós. Talvez exista uma atitude Pollyana nisso, porque as pessoas não querem ficar sozinhas, elas querem relacionamentos perfeitos e relacionamentos perfeitos não existem. A perfeição estaria em que tudo acontecesse de acordo com os seus anseios não levando em conta o que outro deseja.

Também existem os casos que o que queremos é ficar longe de confusão e quando a probabilidade é grande eu sou o primeiro a defender o cair fora. Eu mesmo não quero isso para mim.

Recebi uma piada que contava duma amiga que encontrava a outra triste porque não tinha um namorado e a consolava dizendo que não se preocupasse, porque algum momento chegaria o príncipe dela montado em um cavalo branco, ao que ela respondeu:
- Que príncipe, que nada, amiga, se passasse o Shrek com o burro, eu montava.
As vezes as pessoas estão dispostas a qualquer coisa para não ficarem sozinhas.

Eu não.

Vi  um filme francês que tinha o título "Os Emotivos Anônimos",  e aqui  no Brasil ficou como "Românticos Anônimos" onde os dois personagens tem medo e por isso evitam relacionamentos. Também ficam com manias e isso pode ser a porta para a loucura. Tem que haver um meio termo.

Ouvi e já coloquei aqui que relacionamentos, sejam quais forem, dão trabalho e, para algumas coisas e para algumas pessoas não estamos dispostos a ter esse trabalho e de outras coisas nós não estamos dispostos a abrir mão. Me vem a cabeça Simone cantando "Condenados", que diz num trecho:

" E somos um,
e nessa fase do amor em que se é um,
é que perdemos a metade cada um."


Não queremos perder nossas metades, mas se não estivermos dispostos a viver também no mundo dos outros, podemos estar nos condenando a viver apenas no nosso mundo particular.

Autistas, por opção.

domingo, 8 de janeiro de 2012

OLHANDO PARA A VIDA COM OLHOS DE TURISTA

Sou do Rio. Vou lá de vez em quando, mas não moro lá há muitos anos.
Conheço bem o Rio, mas sempre tenho a disposição de ouvir a respeito de coisas que nunca fiz ou de coisas que fiz, mas que acho que é hora de fazer novamente.

Tenho visto não só o Rio, mas tudo que vejo, com olhos de turista, com olhos curiosos ou de quem quer imortalizar aquele instante, fazer aquele instante valer a pena, vendo coisas como se não as tivesse visto antes e efetivamente vendo coisas que não vi antes, mesmo nos lugares em que já estive. As vezes vou fotografar, então, olho mais uma vez.

No Rio eu estava só a maior parte do tempo, até na hora de ir tomar uma Original perto do por do sol na amurada da Urca e fiz algumas coisas que nunca havia feito, mas estando no Museu Histórico Nacional, perto da Estação das Barcas, peguei uma barca ida e volta a Niterói, coisa que já fiz há um milhão de anos, mas fui, só para fotografar. Foi bom ter ido.

É bom sair da rotina e foi exatamente o que esses dias foram:  uma saída da rotina, sem pensar muito e me divertindo com pouco acontecendo. Na trilha do Forte do Leme previ que iria encontrar saguis e levei umas bananas e foi fácil chamá-los para posar para as fotografias, assim como juntar um bando de turistas. Lembrei de Rain Man, quando Tom Cruise diz para Dustin Hoffman que ele era melhor que um cachorro para atrair as mulheres.

Muitas vezes me vi num lugar com pressa de ir para outro.
Estava mais do que na hora de mudar isso.
Depois dos dias no Rio fui dar uma passadinha por São José. Todas as vezes que tenho ido a São José nesses últimos anos eu penso em dar uma entrada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na entrada de Teresópolis. Sempre ficava para uma próxima vez. Na ida estava com pressa de chegar em São José. Na volta estava com pressa de voltar para casa. E ficava para a próxima viagem. Sempre ficava para a próxima viagem.

Dessa vez não.

Parei na ida num restaurante com fogão à lenha que fica a um quilometro do Soberbo e escolhi o que comer para  aproveitar cada pedaço. Depois finalmente entrei no Parque. Lembrava dum tempo de criança quando eles tinham umas cabanas, que hoje não existem, e fiquei lá por uma semana. Cheguei a começar a fazer a trilha Cartão Postal, mais pesada, mas tinha tanta escada logo no começo que eu desisti e fui para uma outra trilha chamada de Suspensa, porque foi feita com piso em madeira, com corrimão em ferro e sobre pilares de concreto em toda extensão e um trecho com uma altura de 11 metros. Nela você chega a Cachoeira Ceci e Peri, que é pequena, mas bonita e servia para o que eu buscava:

Uma cachoeira onde eu pudesse ouvir um som que me levasse a meditar por não escutar mais nada e me lavasse por dentro. Ali, sentado numa pedra eu conseguia distinguir a água fazendo três sons diferentes. O que vinha da cachoeirinha à minha frente e de outros pontos onde a água passava por pedras.

Esse som de cachoeira tem me atraído muito.

Quando estou em São José escuto o tempo todo o som da cachoeira, mas acho que tem a ver com a imagem da água limpa e ali o Rio Preto tem a cor de barro. Não me parece a mesma coisa.

Voltando para casa no sábado, parei novamente sem pressa no mesmo restaurante da ida e quando descia a serra pensei noutra coisa que sempre tive vontade de fazer. Um amigo do meu pai tinha uma casa no Monte Olivete, começo da subida para Teresópolis e passamos inúmeros fins de semana com eles e numas férias alugamos uma outra casa lá.

Existia uma piscina de água natural formada pelo rio e essa casa já teve alguns proprietários de lá para cá. Quase não fiz, mas quando estava passando lá resolvi entrar e indo até a casa chamar o caseiro e pedir para que falasse com o proprietário, que estava lá, para pedir para ir até a piscina no rio para tirar umas fotografias.
Ele deixou.

Foi bom, também por um outro aspecto.

Parece que que estou fazendo as coisas que ficam por ali apenas numa vontade sem muita convicção e sem muita necessidade.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

UM CONTO CHINÊS


Vi hoje "Um Conto Chinês" nessa pequena sala de cinema que existe no Museu da República, no Palácio do Catete no Rio. É mais um filme que demonstra a vitalidade e a inteligência do cinema argentino.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

NÃO FOI ELA QUEM ESCREVEU !!!

Tem algo recorrente e mesmo assim me incomoda, quando acontece novamente.
É  quando alguém escreve algo e atribui a alguém famoso e você sabe que aquele não é o estilo da pessoa a quem é atribuído o texto.

Mas o que me incomoda mesmo é outras pessoas replicarem aquilo, mandando em emails ou colocando em redes sociais como, de certa forma, estivesse dando um reconhecimento da autoria.

 A minha suposição é que são escritores com algum talento, mas não não talentosos o suficiente para serem reconhecidos por si mesmos e se utilizam do nome de outras pessoas que já conseguiram fama para que leiam o que eles escrevem, e com isso talvez obtenham algum tipo de gratificação pessoal.

Recebi esta semana um email e uma mensagem que me levaram a pensar nisso, mas a Lya Luft escreveu numa revista Veja de poucas semanas atrás um artigo tocando nesse assunto e já que a indignação não é só minha, que não fui roubado dessa forma, transcrevo parte do que Lya Luft escreveu:


Mas quando mexem com meus textos não acho graça alguma. Muitos de nós escritores temos contos, poemas, artigos circulando na internet , e não são nossos. Um profissional do assunto logo vê: Isso não é Veríssimo, Clarice, Saramago (espero que alguns digam: "Isso não é da Lya") O que digo é repetido, mas há anos gira na internet um artiguinho cretino que não escrevi nem escreveria, mas lá está com meu nome embaixo...

SÓ SER FELIZ SE OUTRA PESSOA É

Uma pessoa me contava que pode se aborrecer muito com alguma coisa e falar muito na hora, tentar resolver, mas que na hora que ela entrava no quarto dela para dormir, depois de um banho, ela apagava completamente até o dia seguinte.
Acho isso uma qualidade rara.
Eu, de vez em quando, acordava para pensar.

Antes de viajar para o Natal ouvi de um problema grande pelo qual está passando uma pessoa e tive que tomar conta de mim para não falar nada a respeito para outra pessoa da família, com a qual estive e que não vai contribuir em nada para a solução do problema.


Eu preferia que o problema não existisse, mas também não posso ajudar em nada, além de ser solidário. Acho que é aí que nasce a preocupação, quando pensamos muito em um assunto para o qual não temos a solução.


Embora pudesse trazer algum alívio dividir isso com alguém, que me ajudaria talvez a pensar melhor sobre o assunto, achei que só deveria falar com alguém que pudesse ajudar com uma experiência que trouxesse um raciocínio novo, ainda não examinado, porque falar simplesmente por falar, como um desabafo, não iria ajudar a pessoa que tem o problema em nada.


Tenho visto gente de quem eu gosto vivendo problemas grandes de várias naturezas e penso que eu simplifiquei minha vida e que embora eu esteja num momento de reavaliar o futuro, eu, pessoalmente, não estou vivendo nenhuma situação dramática ou pesada e isso é muito bom principalmente porque eu gosto de me manter longe de confusões e isso tem pautado a escolha de como eu vivo e tornado minha vida clara. Mas vivo os problemas de quem eu gosto.


Acho que muitas vezes não nos permitimos ser felizes se alguém de quem gostamos está infeliz por algum motivo.  Isso, muitas vezes, vai além da empatia: é partilhar a infelicidade.


Temos que aprender a ir nesse pensamento até determinado ponto. Fazer o que podemos fazer e também reconhecer nossas limitações.


Não podemos é criar uma dependência quando se é feliz apenas se o outro é.