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quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

A ESPERA DE ALGO QUE VENHA DE GRAÇA

 


Recentemente tive um marceneiro trabalhando para mim e duas ou três vezes que ele veio montar alguma coisa trouxe um ajudante que eu conhecia há anos, quando ele costumava fazer algo frito que ele chamava de peta (peta é assada) e quando passava vendendo eu sempre comprava também para dar para os outros. Pelo que eu sei ele vendia tudo que fazia.

Desde a primeira vez que ele esteve na minha casa eu disse a ele que se ele quisesse voltar a fazer que eu financiaria ele com tudo que ele precisasse para fazer isso. 

Embora ele tivesse respondido que se interessava por isso, e tenha voltado à minha casa e eu dito que a oferta era para valer ele não se interessou.

Ontem à noite recebi um telefonema do marceneiro dizendo que a mulher daquele ajudante estava concorrendo a uma reforma da casa por uma loja de material de construção e pedindo que eu curtisse no Instagram e quando eu disse que não tinha Instagram, pediu para falar com alguns amigos para que curtissem.

Eu gosto da ideia do prêmio. Sempre brinquei com isso e faço regularmente meu joguinho na mega sena, mas não coloco isso como uma possibilidade real, mas apenas como uma forma de esperança.

E, na verdade, fico tentando entender como uma pessoa, a quem é apresentada uma oportunidade, não quer fazer nada  para mudar de vida e ainda quer fazer com que os outros usem do seu tempo e seus contatos para ver se ganham algo sem precisar trabalhar por isso.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

CONTINUO ACHANDO A VIDA SIMPLES

 



Ontem depois da caminhada passei em dois lugares onde costumo ir e no segundo apenas com a intenção de tomar um suco no balcão, mas como um amigo estava sozinho numa mesa, perguntei se podia e fui sentar com ele. Com isso resolvi tomar uma cerveja. 

Passado um tempo chegou outro amigo em comum, que também é o melhor amigo dele, com quem ele tinha combinado de encontrar.

O primeiro deles descreveu uma moça e perguntando se eu conhecia. Não, eu não conhecia. Era uma moça com quem ele tinha encontrado num lugar onde eu também tinha ido no carnaval e ele, e, dizendo que poderia ter sido por conta da bebida, contou que tinha tido falado uma coisa tanto ou quanto absurda para ela e que queria se desculpar.

Achei que a conversa dele com ela tinha sido uma conversa de bêbado e absolutamente sem sentido para ela embora ele quisesse nos fazer crer que tinha todo sentido para ele.

Depois de ouvir a estória toda cheguei à conclusão que o certo, se eu conhecesse a moça, era não apresentar os dois porque ela poderia pensar que eu seria capaz de falar alguma coisa como a que ele disse a ela.

Eu acho que ele deu uma "viajada" porque em vez de viver a situação e deixar rolar ele ficou pensando demais em outras situações e noutra pessoa que o havia machucado no passado e fez a moça escutar algo que ele gostaria de dizer para outra pessoa

De novo a estória da bebida que eu estou vendo como algo que está tirando ele do prumo.

Acabei de ouvir uma palestra sobre Drogas, da Maria Rita Kehl. Bebida, embora legal, é uma droga também, mas e o que cabia ali daquela palestra, para aquela situação, era ela ter dito que "Bem estar é estar livre de sua subjetividade" e em seguida: "se posso anestesiar, porque complicar?" E aí entra a droga, nesse caso a bebida, que acho que deve estar anestesiando ele.

A conversa tomou o rumo das coisas que eles não conseguiram resolver até hoje e levam para o analista, que é algo do qual eu nunca senti muita necessidade. E por fim foram três cervejas e duas horas e meia de conversa.

Foi nesse ponto que eu disse e vi claramente novamente o quanto a vida é simples e boa para mim.

Não procuro complicar pensando demais. Nas situações que não posso resolver, procuro nem pensar. Não coloco minha felicidade em coisas que não tenho e a vida tem sido boa  para mim. Sinto muito prazer em coisas pequenas que talvez não tivessem nenhum valor para outras pessoas. Desfruto da beleza que pode estar numa pessoa, num por do sol, numa música que me agrada, do sabor de algo que estou comendo ou bebendo, e do prazer que tenho num encontro e num abraço em pessoas de quem gosto ou em algum momento ou situação que eu estou vivendo naquele instante.

Eu estou ali, no presente, e se me canso da situação por qualquer motivo, sei que é hora de ir para casa. E eu me dou esse direito.

Acho que a vida não podia ser mais simples que isso.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

ENQUANTO NÃO APARECE A PESSOA CERTA...

 


Não estou procurando a pessoa certa. 

Estou dizendo isso o tempo todo e acho que às vezes eu falo demais em nome de uma honestidade que talvez não caiba mais nos dias de hoje, se eu quiser manter qualquer relacionamento casual por mais tempo. 

O Pondé, que eu assisto muito, vive lembrando que Nelson Rodrigues dizia "Mintam, mintam por piedade", 

Acho também que pessoa certa nem cabe mais na minha vida. 

Até bem pouco eu sempre fui homem de uma só mulher. Dedicação absoluta. Sempre gostei de ficar passando a mão até ela ficar bem lisinha, e, ainda gosto disso, mesmo que eu queira que ela vá embora depois e não fique me dando boa tarde no Whatsapp no dia seguinte. 

Pois é... "Enquanto não aparece a pessoa certa, vou me divertindo com as erradas." 

Eu eu continuo gostando das boazinhas, mas não quero que elas percam o tempo delas comigo, pensando do jeito que eu penso hoje. Vou continuar tendo boas conversas com elas...

Não faz muito tempo encontrei uma da qual fisicamente eu gostava de absolutamente tudo, mas absolutamente tudo mesmo e tinha até começado a aprender a ligar e desligar e gostaria de continuar a vê-la de forma casual, mas um dia ela me disse que estava voltando com o namorado e agora eu estou sentindo falta dela. E continuo dizendo que não queria nada além do casual... 

E neste instante, dela, não tenho nada.

Num pedacinho de "O Pequeno Príncipe", ele fala da sua rosa.

"Não a devia ter escutado - confessou-me um dia - não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras, que tanto me agastara, me devia ter enternecido. Confessou-me ainda: "Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava ... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar." 

E eu nem posso mais dizer isso,,,

domingo, 18 de fevereiro de 2024

A DIFERENÇA ENTRE VIVÊNCIA E EXPERIÊNCIA

 


Esta semana eu estava vendo uma palestra de um psicanalista no YouTube  e ele veio com um resumo do conceito do filósofo e sociólogo Walter Benjamim, da diferença entre vivência e experiência, que chegou para mim como um insight, inclusive quanto ao motivo de escrever aqui e porque gosto tanto de uma boa conversa.

Ele dizia que tudo que vivemos são vivências que se transformam em experiências apenas a partir do momento em que fazemos uma narrativa do acontecido.

Pois é...

Brilhante!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

PEQUENAS BONDADES

Eu havia encontrado um porcelanato marrom imitando granito, muito parecido com o que eu havia revestido a guarita do prédio onde moro uns anos atrás, por um preço muito interessante e queria aplicar em duas paredes da frente do prédio, mas, restava pouco na loja e acabou. 

Também não havia nem previsão de disponibilidade do mesmo material do mesmo fabricante em nenhuma loja da região. Imaginei que o fato de ter acabado significava que foi um sucesso de vendas e que isso seria uma garantia de que rapidamente ele deveria estar disponível novamente. 

Eu comentei o assunto e mostrei a cor para a minha diarista que trabalha também para o prédio há muitos anos. Hoje ela trabalha um dia por semana para mim e outro para o prédio. 

Quando ela soube o preço ficou encantada e quis colocar o mesmo material na fachada da casa dela. E eu pedi para que me desse as medidas para que eu fizesse um cálculo que resultou em perto de dez metros quadrados.

Porcelanato é vendido em caixas fechadas com uma metragem específica para cada caixa, e eu sabia que eu teria que comprar mais que os dez metros que ela precisaria, porque teria que comprar tantas caixas quanto fossem necessárias para ultrapassar a medida, mas eu estava disposto a pagar pela diferença.

Um dia ela chegou na minha casa com o dinheiro no valor exato de dez metros daquele porcelanato e me entregou para comprar para ela, quando tivesse novamente disponível.

Mas, os meses foram se passando e nada de aparecer o material e eu com um saquinho plástico com o dinheiro dela com um papel que dizia de quem era aquele dinheiro.

Isso foi há quatro meses e de lá para cá nenhuma loja recebeu o material e ver aquele dinheiro dela sempre me dava a impressão de algo por fazer.  

Semana passada quando ela chegou para trabalhar eu fui com ela numa loja e pedi que ela escolhesse um porcelanato entre os que eu havia selecionado e ela estava preocupada com que o dinheiro desse, mas com aquela metragem eu estava querendo que ela escolhesse um, que mesmo mais caro, fizesse ela muito feliz e paguei pela diferença, relevante em termos de percentual mas não em relação ao que eu estava disposto a fazer por ela.

Não sou bonzinho com todo mundo, mas tenho prazer em ser com as pessoas que escolho, e até, umas raras vezes, faço sem que elas saibam que fui eu quem fez a bondade.

Daqui a pouco estou indo ali para fazer em papel fotos que eu quero presentear, inclusive de todas as meninas que me atendem no café onde tenho hábito de ir. Não me custa nada e me dá um prazer imenso ver a alegria dessas pessoas todas com um gesto tão pequeno.

Ao mesmo tempo não fiz essa semana o que poderia fazer por uma pessoa porque agiu comigo como se a oração fosse "Venha a nós e ao vosso reino nada".


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

TEACH ME TIGER

 


Faz pouco tempo que viajei de carro para encontrar minha filha que havia ido de avião, então, naturalmente o som que tocava no carro eram minhas playlists do Spotify. 

Fiquei muito surpreso com o incômodo que ela teve quando tocava "Teach me Tiger", chegando ao ponto de me pedir que adiantasse para outra música porque evidentemente achava que o sussurar de April Stevens na música tinha uma conotação sexual. Não é explícita como "Je t aime mois non plus", mas acho a música muito agradável, e gosto inclusive da intenção.

Mas cada um, cada um e se eu tivesse que escolher um pecado capital de estimação seguramente eu escolheria a luxúria.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

UMA AMIZADE IMPROVÁVEL

 

 


Eu sou capaz de ouvir com atenção pessoas diametralmente opostas a como sou, com uma curiosidade genuína, mas ficar amigo é uma coisa completamente diferente.

Fiz uma amizade improvável.

Eu a tenho ouvido com cuidado e aconselhado como amigo, sem qualquer dos cuidados que um terapeuta teria, apenas lembrando que ela está falando com um idiota que não sabe do que está falando e tem muitas opiniões.

Isso a tem tranquilizado e ela tem retribuído duma forma que me interessa muito também.

Tem sido uma boa troca.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

ISSO ME FAZ BEM

Fui a um casamento de amigos neste último fim de semana. 

A vida ficou muito simples para mim inclusive no vestir. Meu dia a dia é de bermuda, camiseta e sandália. Até os tênis, que eu uso hora e meia por dia, são um número maior e com palmilhas de gel. 

Não tenho mais terno. O último que eu ainda mantive por um bom tempo eu havia dado há uns dois anos. Mas como senti que era um dia muito especial para eles e importante que as pessoas estivessem bem vestidas e não planejo usar novamente um terno, aluguei um.

Perguntei se podia fotografar e me responderam que sim, inclusive na cerimônia, se eu quisesse. 

Sei que gostaram do resultado porque já viram e meu amigo chegou a dizer que se soubesse que iam ficar tão boas que nem teria contratado fotógrafo. 

Fotografar é um prazer para mim mas um prazer deixa de ser um prazer quando se torna uma obrigação. Não fotografo para ganhar nada. Uso depois muito do meu tempo para escolher as fotos e um pouquinho de dinheiro para mandar fazer em papel e dar de presente, mas só fotografo quem eu quero.

Eu respondi que os profissionais eram muito importantes para fazer as fotos que são obrigatórias num casamento, como as infindáveis fotos dos noivos com pessoas da família, por exemplo. Para mim seria uma pequena tortura ter que fazer isso, mas não disse isso para ele.

Beleza me comove, sempre, e eu tive muitos motivos para ficar comovido no casamento, e como contraste, no dia anterior eu havia estado numa festa num bar e não tinha tido quase nenhum motivo para ficar comovido.

Outras fotos que gosto de fazer, independentemente da beleza, são de pessoas que teriam poucas oportunidades de ganhar fotos como essas feitas em papel. 

Fiz muitas dessas neste fim de semana e já vi a alegria de algumas dessas pessoas ao recebê-las. Nessas eu tenho uma motivação extra porque ver essa alegria deles me traz alegria também.

Algumas outras pessoas fotografo para a pessoa e meu próprio prazer e não preciso mostrar para ninguém além da pessoa a quem fotografei. 

Beleza realmente me comove.


domingo, 4 de fevereiro de 2024

FIM DE UM SOFRIMENTO

 


Eu estava com um peso por conta de uma situação que uma pessoa da qual eu gosto muito estava passando. Eu sofro junto, mas agora acabou e isso para mim é um grande alívio, porque era a única das minhas preocupações que me tirava do prumo. Eu não tinha nem solução nem podia fazer muito à respeito.

Agora acabou e a solução está sendo muito boa.

Nem tudo é perfeito ou mesmo bom na minha vida. Não é que eu queira fazer do que falo da minha vida um instagram, que aliás não tenho, onde as pessoas colocam como se tudo fosse lindo na vida delas.

Eu sempre procuro ver o lado positivo das coisas e sinto prazer com coisas muito pequenas e prefiro falar das coisas boas, interessantes ou engraçadas porque os outros estão mais interessados nelas que em problemas

Eu tenho um problema no qual não penso muito porque até hoje não consegui resolver e de um tempo para cá arranjei uma fonte de problemas quando cheguei à conclusão que para mudar alguma coisa no estado do prédio onde moro que eu teria que ser síndico. 

Mas importante mesmo era só esse assunto e agora está resolvido.


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

INVEJA DE MIM MESMO

 


Tem sempre uma música. Umas servem para mais de uma ocasião e "Tudo Certo" começa assim: é tão bom quando tudo dá certo, sonhei com quem quero e acordo feliz..."

Não foi sonho...

Domingo tive um final de tarde com quem eu queria, acertamos uns ponteirinhos e ficamos juntos por um tempo e, depois de levá-la para casa saí para ver um carnaval de rua, que não me agrada nada, com a disposição de não achar ruim e não achei bom mas pensei que tudo bem. Depois disso ainda saí para comer num lugar, que eu nunca escolheria, para comer um hamburger, que também não é minha cara e achei muito bom.

Na segunda à tarde saí para caminhar e vi uma moça que achei sexy se deitando numa mureta baixa onde eu nunca tinha visto ninguém deitar (talvez até para tirar uma foto) e pensei que era uma imagem para perpetuar. Parei e pedi a ela para me emprestar o celular que eu ia fazer uma foto dela ali do jeito que ela estava. Ela não vacilou um segundo. Puxou o celular da cintura e me deu e eu apenas escolhi um fundo para a foto, tirei, olhei e disse que não precisava fazer uma segunda. Devolvi o celular e segui meu caminho. Quando passei novamente encontrei a moça mais adiante de onde ela estava da primeira vez e ela me disse que a foto tinha ficado perfeita e eu respondi que ela ali era uma visão. Ela perguntou se eu caminhava sempre ali e eu disse que sim, e ela disse que vinha três vezes por semana e que queria que cada vez que a gente se encontrasse que eu tirasse uma foto dela. Eu concordei e ela perguntou se eu era fotógrafo e eu respondi que fotografava apenas por prazer, mas, que nesse caso eu iria combinar com ela para fotografá-la ali com uma câmera e não com o celular.

Saí dali para o mesmo lugar onde vou depois de caminhar e encontrei dois amigos no balcão e ficamos conversando e eu disse que tinha intenção de sair dali e passar num supermercado fui ficando e passei ali mais de três horas. Quando resolvemos sair paramos numa mesa onde estava uma amiga em comum e eu estava me distraindo com uma criaturinha loirinha de olhos azuis com duas trancinhas que vinha até perto de onde estávamos e fazia uma grande farra com gritinhos de alegria quando a babá a pegava e levava de volta para a mesa onde a mãe estava. Quando estávamos saindo a mãe dela levantou para falar comigo e só aí vi que era uma amiga e que eu já tinha passado uma tarde fotografando aquela criaturinha há pouco mais de uma ano e uma vez ou outra encontrava com ela quando estava caminhando. A partir daí ela começou a brincar comigo até todos irmos embora.

Mas quando eu pensava nos últimos dois dias eu achava que se eu não fosse eu, eu teria inveja de mim mesmo.