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quinta-feira, 26 de julho de 2012

A FILHA DA PUTA

Ainda em São José do Vale do Rio Preto encontrei o Celso Rampini do Carmo de quem comprei seu livro Histórias da Minha Terra.  A que eu mais gostei vou resumir aqui, com as palavras dele:


Diocleciano, casou com Madalena tendo no começo do casamento uma relação ardente de desejo pela mulher, que logo engravida. Nasce uma menina que vai crescendo, agora já estudando e a impetuosidade do casal vai arrefecendo, principalmente por parte do marido, que passa a ver no relacionamento sexual mais uma enfadonha obrigação do que um ato prazeroso de amor.


Ao contrário, sua jovem esposa a cada dia que passava sentia mais desejos, mais desejo de sexo constante, desejos esses que não satisfeitos em sua plenitude pelo jovem marido. Essa carência levou a jovem irresponsavelmente à procura de alguém que satisfizesse todos os seus desejos, encontrando-os em um jovem, ex-colega de colégio. Encontros às escondidas, saídas fortuitas, chegando primeiramente à boca do povo e, por último, ao conhecimento do marido traído.
Daí, a separação foi questão de dias.
E a filha! Com quem ficaria a menina?


O marido procurou o subdelegado Mussolini, contando-lhe a traição de que fora vítima por parte de sua jovem esposa. O subdelegado como era de praxe na época, convidou para uma conversa amigável o marido, a esposa e seus respectivos pais. Após muito papo, com as costumeiras e constrangedoras acusações de parte a parte, chegaram a um consenso de que a menina deveria ficar sob a guarda dos avós paternos.


A vida continua e a jovem segue na busca de um novo amor que atenda à plenitude de seus anseios, principalmente amorosos. O marido continua sua lida diária. Honesto, trabalhador, conhece outra jovem, a Carminha, e resolvem juntar os trapinhos, montar um novo lar e começar tudo de novo. Mas talvez pelos mesmos motivos da desdita anterior ou caprichos do destino, Carminha, sua nova e jovem companheira, a exemplo da outra, resolve praticar relações extra-conjugais. A malfadada aventura em pouco tempo tornou-se domínio publico, inclusive da primeira mulher do seu companheiro. Essa, por despeito talvez, viu a oportunidade de vingar-se do castigo do qual fora merecedora.


Desta feita procurou o juiz da Comarca , o Dr. Justiniano, relatando-lhe os novos fatos, reclamando a posse da sua filha, pois o motivo que levou a perdê-la acabara de ser praticado pela atual companheira de seu ex-marido.


Na audiência, após horas de argumentação de parte a parte, não se chegava a um consenso e o juiz resolveu fazer uma pausa e pediu ao subdelegado Mussolini que também lá se encontrava que aguardasse para falar a sós com ele. Depois de um café num bar perto do Forum o juiz perguntou ao Mussolini o que ele achava daquele caso.
Mussolini respondeu:
-Excelência, quem sou eu para opinar ante aos imensuráveis conhecimentos e a experiência do senhor em casos semelhantes?
O magistrado insistiu:
- Senhor Mussolini, o senhor decidiu na primeira vez. Como decidiria se fosse o juiz?


Mussolini mais descontraído ante a insistência do jovem magistrado respondeu:
- Doutor , da outra vez a situação era diferente. A filha foi para a casa dos avós pelo mau procedimento da mãe e depois voltou para a companhia do pai, que arranjou outra companheira, na expectativa de refazer a sua vida. A nova companheira cometeu o mesmo erro da mãe legítima da menina. Doutor, com todo respeito e com toda a sinceridade, as duas erraram. Então... puta por puta, que a menina fique com a puta que a pariu.


O magistrado sorriu, não fez mais perguntas.
Voltou ao Forum reiniciou a audiência e após breves comentários deu a sentença , encerrando a sessão, se aproveitando do bom senso do Mussolini.

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