APRENDER A NÃO FALAR DEMAIS
BARULHO DE CARROÇACerta manhã, meu pai convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.
Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:
- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu pai. É uma carroça vazia ...
Perguntei ao meu pai:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.
Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, inoportuna, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:
Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...
O SIGNIFICADO DE UM GESTO
FLORES PARA O DIA DAS MÃES
Quando meu marido anunciou calmamente que, após onze anos de casamento, havia dado entrada em nosso divórcio e estava saindo de casa, meu primeiro pensamento foi para os meus filhos. O menino tinha apenas cinco anos e a menina, quatro.
Será que eu conseguiria nos manter unidos e passar para eles um sentido de "família"? Será que eu, criando-os sozinha, conseguiria manter o nosso lar e ensinar-lhes a ética e os valores dos quais certamente precisariam para a vida? A única coisa que eu sabia era que precisava tentar.
Freqüentávamos a igreja todos os domingos. Durante a semana, eu arranjava tempo para rever os deveres de casa com eles e, freqüentemente, discutíamos a importância de fazermos as coisas certas. Isso me tomava tempo e energia quando eu tinha pouco de ambos para dar. Mas o pior era não saber se realmente estavam absorvendo tudo aquilo tudo.
Ao entrarmos na igreja no Dia das Mães, dois anos após o divórcio, notei carrocinhas cheias de vasos com os as mais lindas flores ladeando o altar. Durante o sermão, o pastor disse que, a seu ver, ser mãe era uma das tarefas mais difíceis da vida e que merecia não só reconhecimento como, também, recompensa.
Assim, pediu que cada criança fosse até a frente da igreja para escolher uma linda flor e entrega-la à mãe como símbolo do quanto era amada e estimada.
De mãos dadas, meu filho e minha filha percorreram o corredor com as outras crianças. Juntos, refletiram sobre qual planta trazer para mim. Nós havíamos passado momentos muito difíceis e esse pequeno gesto de valorização era tudo que eu precisava.Olhei aquelas lindas begônias, as margaridas douradas e os amores-perfeitos violetas e pus-me a planejar onde plantar o que quer que escolhessem para mim, pois certamente trariam uma linda flor como demonstração do seu amor.
Meus filhos levaram a tarefa muito a sério e olharam cada vaso. Muito depois de as outras crianças já terem retornado aos seus lugares e presenteado suas mães com uma linda flor, meus dois ainda escolhiam.
Finalmente, com um grito de alegria, acharam algo bem no fundo. Com sorrisos exuberantes a iluminar seus rostos, avançaram satisfeitos pelo corredor até onde eu estava sentada e me presentearam com a planta que haviam escolhido como demonstração de seu apreço por mim pelo Dia das Mães.
Fiquei olhando estarrecida para aquele pequeno ser roto, murcho e doentio que meu filho estendia em minha direção. Aflita aceitei o vaso de suas mãos. Era óbvio que os dois haviam escolhido a menor planta, a mais doente de todas - nem flor tinha.
Olhando para rostinhos sorridentes, percebi o orgulho que sentiam daquela escolha e, sabendo o quanto haviam demorado para selecionar aquela planta em especial, sorri e aceitei a lembrança.
Mais tarde, no entanto, tive de perguntar:
- De todas aquelas flores maravilhosas, o que os havia feito escolher justamente aquela para me dar?
Todo orgulhoso, meu filho declarou:
- É que aquela parecia precisar de você, mamãe.
Enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, abracei meus dois filhos, bem apertado. Eles acabavam de me dar o maior presente de Dia das Mães que jamais poderiam ter imaginado. Todo o meu trabalho e sacrifício não havia sido em vão . Eles iam crescer perfeitamente bem.
Um menininho brincava no tanque de areia da praça naquela manhã de sábado. Tinha com ele sua caixa de carrinhos e caminhões, seu balde plástico e uma pá vermelha brilhante. No processo de criar estradas e túneis na areia macia, ele descobriu uma pedra grande no meio do tanque de areia.
O mocinho cavou ao redor da pedra, conseguindo desalojar a sujeira. Com muito esforço, usando as mãos, os pés e em todas as posições possíveis, ele conseguiu empurrar a pedra através do tanque de areia. Era um menino muito pequeno e a pedra, para ele, era enorme. Quando o menino alcançou a borda do tanque de areia, ele descobriu que mais difícil ainda ia ser passar a pedra sobre a pequena parede.
Determinado, o menininho empurrou, empurrou e empurrou, mas a cada vez que ele achava ter feito algum progresso, a pedra virava e rolava de volta para o tanque. O menininho grunhiu, lutou, empurrou, mas sua única recompensa era ter a pedra rolando de volta, esmagando seus dedinhos rechonchudos. Finalmente rompeu em lágrimas de frustração.
Durante todo o tempo, seu pai o observava de sua janela, aguardando o desenvolvimento de todo o drama. No momento em que as lágrimas caíram, uma sombra grande caiu sobre o menino. Era seu pai. Suavemente mas com firmeza, ele disse:
- Filho, por quê você não usou toda a força que você tinha disponível?
Derrotado, o menino respondeu:
- Mas eu usei, pai! Usei toda a força que eu tinha!
- Não, meu filho, corrigiu o pai bondosamente.
- Você não usou toda a força que você tinha.
- Você não me pediu ajuda.
- E o pai do menino se abaixou, pegou a pedra e a retirou do tanque de areia.
CONTROLAR O TEMPERAMENTO
Era uma vez um menino com temperamento muito forte. Seu pai deu-lhe um saco de pregos, dizendo-lhe que cada vez que ele ficasse furioso pregasse um prego na cerca do fundo da casa.
No primeiro dia o garoto pregou 37 pregos, mas gradualmente ele foi se acalmando. Descobriu que era mais fácil "segurar" seu temperamento do que pregar os pregos na cerca.
Finalmente chegou o dia em que o garoto não se enfureceu nenhuma vez. Contou ao pai o que havia sucedido e pai sugeriu-lhe que, de agora em diante por cada dia que conseguisse segurar seu temperamento retirasse um dos 37 pregos.
Passou-se o tempo e o garoto finalmente pode dizer ao pai que tinha retirado todos os pregos.
O pai tomou o filho pela mão e levou-o até a cerca dizendo-lhe:
- Você fez muito bem meu filho, mas a cerca nunca mais será a mesma. Quando você diz coisas quando está furioso, elas deixam uma cicatriz assim como as marcas da cerca. Você pode fincar e retirar uma faca em um homem. Não importa quantas vezes você possa dizer; "desculpe", a ferida mesmo assim permanecerá. Uma ferida verbal é tão ruim quanto uma ferida física.
NÃO CONFUNDIR SORTE COM COMPETÊNCIA
A história é baseada um conto de Sa'di de Shiraz, no livro Gulistan (O jardim de flores):
Um rei da Persia tinha uma mandado fazer um anel com uma pedra preciosa engastada. Certa tarde, entediado com a vida foi para a mesquita Musalla, perto de Shiraz, ordenou que seus soldados colocassem o anel no alto de um grande poste de madeira, e convocou a população:
- Quem conseguir atirar uma flecha que passe pelo centro do anel, irá ganha-lo de presente, junto com mais cem moedas de ouro.
Quatrocentos arqueiros ofereceram-se para atirar suas flechas. Todos o fizeram. E todos erraram.
Perto dali, um jovem estava brincando com seu arco, quando uma das flechas desviou-se com o vento e foi até a mesquita, atravessando o centro do anel.
O rei entregou-lhe a jóia, as moedas de ouro, e seus cortesãos o encheram de presentes.
Assim que o jovem saiu do palácio, a primeira coisa que fez foi queimar o seu arco e suas flechas.
- Por que você está fazendo isso? – perguntou um nobre que passava.
- Porque um homem tem que entender que as vezes a sorte lhe bate à porta, mas não deve tentar deixar que ela o engane, e termine convencendo-o de que ele tem talento.
AJUDAR DEMAIS ENFRAQUECE O OUTRO
O CAMPO DE ARROZ
O mestre zen encarregou o discípulo de cuidar do campo de arroz.
No primeiro ano, o discípulo vigiava para que nunca faltasse a água necessária. O arroz cresceu forte, e a colheita foi boa.
No segundo ano, ele teve a idéia de acrescentar um pouco de fertilizante. O arroz cresceu rápido, e a colheita foi maior.
No terceiro ano, ele colocou mais fertilizante. A colheita foi maior ainda, mas o arroz nasceu pequeno e sem brilho.
- Se continuar aumentando a quantidade de adubo, não terá nada de valor no ano que vem - disse o mestre. - Voce fortalece alguém, quando ajuda um pouco. Mas voce enfraquece alguém, se ajuda muito.
O CAMPO DE ARROZ
O mestre zen encarregou o discípulo de cuidar do campo de arroz.
No primeiro ano, o discípulo vigiava para que nunca faltasse a água necessária. O arroz cresceu forte, e a colheita foi boa.
No segundo ano, ele teve a idéia de acrescentar um pouco de fertilizante. O arroz cresceu rápido, e a colheita foi maior.
No terceiro ano, ele colocou mais fertilizante. A colheita foi maior ainda, mas o arroz nasceu pequeno e sem brilho.
- Se continuar aumentando a quantidade de adubo, não terá nada de valor no ano que vem - disse o mestre. - Voce fortalece alguém, quando ajuda um pouco. Mas voce enfraquece alguém, se ajuda muito.
Um mestre zen dizia:
- Buda afirmou aos seus discípulos: quem se esforça, pode alcançar a iluminação em sete dias. Se não conseguir, com certeza alcançará em sete meses, ou em sete anos.
Entusiasmado, o jovem perguntou como conseguiria chegar a sabedoria em sete dias.
- Concentração – foi a resposta.
O jovem começou a praticar - mas em dez minutos já havia se distraído. Recomeçou, e de novo perdeu a concentração.
Depois de uma semana, não havia conseguido nada de concreto, mas estava mais atento a sua ansiedade e suas fantasias. Aos poucos, foi prestando atenção em tudo que o distraía, e achou que não estava perdendo tempo, mas se acostumando consigo mesmo.
Um belo dia, o rapaz decidiu que não era preciso chegar tão rápido a sua meta, já que o caminho estava lhe ensinando muitas coisas.
E foi neste momento que se tornou um iluminado.
JEAN
PASSEIA EM PARIS - PAULO COELHO
Jean passeava com seu avô em Paris. A determinada
altura, viu um sapateiro sendo destratado por um cliente, que alegava defeitos
em seu calçado. O sapateiro escutou calmamente a reclamação, pediu desculpas, e
prometeu refazer o erro.
Jean e o avô pararam para tomar um café. Na mesa ao lado, o garçom pediu que um homem – com aparência de importante – movesse um pouco a cadeira, para abrir espaço. O homem irrompeu numa torrente de reclamações, e negou-se.
- Nunca esqueça do que viu - disse o avô. -O sapateiro aceitou uma reclamação, enquanto este homem a nosso lado não quis mover-se. Os homens que fazem algo útil, não se incomodam de serem tratados como inúteis. Mas os inúteis sempre se julgam importantes, e escondem toda a sua incompetência atrás da autoridade.
Paz não é aquilo que encontramos em um lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho duro, mas
o que permite manter a calma em nosso coração, mesmo no meio
das situações mais adversas. Este é o seu verdadeiro e único significado.
Jean e o avô pararam para tomar um café. Na mesa ao lado, o garçom pediu que um homem – com aparência de importante – movesse um pouco a cadeira, para abrir espaço. O homem irrompeu numa torrente de reclamações, e negou-se.
- Nunca esqueça do que viu - disse o avô. -O sapateiro aceitou uma reclamação, enquanto este homem a nosso lado não quis mover-se. Os homens que fazem algo útil, não se incomodam de serem tratados como inúteis. Mas os inúteis sempre se julgam importantes, e escondem toda a sua incompetência atrás da autoridade.
Paz não é aquilo que encontramos em um lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho duro, mas
NADA DEVE SER MUITO MAIS IMPORTANTE QUE O TODO
A PEDRA QUE
FALTA
Um dos grandes monumentos da cidade de Kyoto é
um jardim zen, uma superfície de areia com quinze rochas.O jardim original tinha dezesseis rochas. Conta a lenda que, assim que o jardineiro terminou sua obra, chamou o imperador para contempla-la.
- Magnifico - disse o imperador. - E' o mais lindo do Japão. E esta é a mais bela rocha do jardim.
Imediatamente o jardineiro tirou do jardim a pedra que o imperador tanto apreciara, e jogou-a fora.
- Agora o jardim está perfeito – disse para o imperador. – Não existe nada que se sobressaia, e ele pode ser visto em toda a sua harmonia.
"Um
jardim, como a vida, precisa ser visto na sua totalidade. Se nos detivermos na
beleza de um detalhe, todo o resto parecerá feio."
ESCOLHER DEMAIS PODE DEIXAR VOCÊ SEM O QUE VOCÊ VIU E GOSTOU
A FRUTA PERFEITA
SER UM LIDER SOLIDÁRIO
Alexandre, o Grande, conduzia seu exército de volta para casa depois da grande vitória contra Porus na Índia. A região que cruzavam no momento era árida e deserta, e os soldados sofriam terrivelmente de calor, fome e, mais que tudo, de sede. Os lábios rachavam-se e as gargantas ardiam por falta de água. Muitos estavam prestes a se deixar cair no chão e desistir.
Um dia, por volta de meio-dia, o exército encontrou um destacamento de viajantes gregos. Vinham montados em mulas, e carregavam alguns recipientes com água. Um deles, vendo o rei quase sufocar de sede, encheu um elmo com água e ofereceu-lhe.
Alexandre pegou o elmo nas mãos e olhou em torno de si. Viu os rostos sofridos dos soldados, que ansiavam, tanto quanto ele, por algo refrescante.
- Pode levar - disse ele -, pois se eu beber sozinho o resto ficará desolado, e você não tem o suficiente para todos.
E devolveu a água sem tomar uma gota. Os soldados, aclamando seu rei, puseram-se de pé e pediram que o líder continuasse a conduzi-los adiante.
O ESFORÇO PODE SER RECOMPENSADO
Um homem atravessando uma fase muito penosa de sua vida, com graves problemas de saúde em família e sérias dificuldades financeiras. Por isso orava diariamente pedindo que o livrassem de tamanhas atribulações.
ESCOLHER DEMAIS PODE DEIXAR VOCÊ SEM O QUE VOCÊ VIU E GOSTOU
A FRUTA PERFEITA
Existe
uma história sobre um homem que foi ao mercado para encontrar a fruta perfeita.
Ele achou uma fruta extraordinária na primeira barraca que visitou. Ele resolveu continuar procurando para ver o que mais havia por lá.
Depois de examinar as barracas dos outros vendedores, ele escolheu a primeira fruta que tinha encontrado. Infelizmente, quando voltou até lá, o vendedor de frutas já tinha ido embora.
Não sei de onde vem esta história, se ela aconteceu realmente ou se é apenas uma parábola, mas ela nos mostra claramente que só porque alguma coisa é fácil não quer dizer que ela não seja certa.
Ele achou uma fruta extraordinária na primeira barraca que visitou. Ele resolveu continuar procurando para ver o que mais havia por lá.
Depois de examinar as barracas dos outros vendedores, ele escolheu a primeira fruta que tinha encontrado. Infelizmente, quando voltou até lá, o vendedor de frutas já tinha ido embora.
Não sei de onde vem esta história, se ela aconteceu realmente ou se é apenas uma parábola, mas ela nos mostra claramente que só porque alguma coisa é fácil não quer dizer que ela não seja certa.
SER UM LIDER SOLIDÁRIO
Alexandre, o Grande, conduzia seu exército de volta para casa depois da grande vitória contra Porus na Índia. A região que cruzavam no momento era árida e deserta, e os soldados sofriam terrivelmente de calor, fome e, mais que tudo, de sede. Os lábios rachavam-se e as gargantas ardiam por falta de água. Muitos estavam prestes a se deixar cair no chão e desistir.
Um dia, por volta de meio-dia, o exército encontrou um destacamento de viajantes gregos. Vinham montados em mulas, e carregavam alguns recipientes com água. Um deles, vendo o rei quase sufocar de sede, encheu um elmo com água e ofereceu-lhe.
Alexandre pegou o elmo nas mãos e olhou em torno de si. Viu os rostos sofridos dos soldados, que ansiavam, tanto quanto ele, por algo refrescante.
- Pode levar - disse ele -, pois se eu beber sozinho o resto ficará desolado, e você não tem o suficiente para todos.
E devolveu a água sem tomar uma gota. Os soldados, aclamando seu rei, puseram-se de pé e pediram que o líder continuasse a conduzi-los adiante.
O ESFORÇO PODE SER RECOMPENSADO
Um homem atravessando uma fase muito penosa de sua vida, com graves problemas de saúde em família e sérias dificuldades financeiras. Por isso orava diariamente pedindo que o livrassem de tamanhas atribulações.
Um dia, enquanto fazia suas preces, um anjo lhe apareceu,
trazendo-lhe uma mochila e a seguinte mensagem:
O Senhor se compadeceu da sua situação e lhe manda dizer que
é para você colocar nesta mochila o máximo de pedras que conseguir, e
carregá-la com você, em suas costas, por um ano, sem tirá-la por um instante
sequer. Manda também lhe dizer que, se você fizer isso, no final desse tempo,
ao abrir a mochila, terá uma grande alegria.
E desapareceu, deixando o homem bastante confuso e
revoltado.
"Como pode o Senhor brincar comigo dessa maneira? Eu
oro sem cessar, pedindo a Sua ajuda, e Ele me manda carregar pedras?" Já
não me bastam os tormentos e provações que estou vivendo? "Pensava o
devoto. Mas, ao contar para sua mulher a estranha ordem que recebera do Senhor,
ela lhe disse que talvez fosse prudente seguir as determinações dos Céus, e
concluiu dizendo:
Deus sempre sabe o que faz...
O homem estava decidido a não fazer o que o Senhor lhe
ordenara, mas, por via das dúvidas resolveu cumpri-la em parte, após ouvir a
recomendação da sua mulher. Assim, colocou duas pedras pequenas, dentro da
mochila e carregou-a nas costas por longos doze meses.
Findo esse tempo, na data marcada, mal se contendo de tanta
curiosidade, abriu a mochila conforme as ordens do Senhor e descobriu que as
duas pedras que carregara nas costas por um ano inteiro tinham se transformado
em pepitas de ouro... , apenas duas pequenas pepitas.
Todos os episódios que vivemos na vida, inclusive os piores
e mais duros de se suportar, são sempre extraordinárias e maravilhosas fontes
de crescimento.
Temendo a dor, a maioria se recusa a enfrentar desafios, a
partir para novas direções, a sair do lugar comum, da mesmice de sempre.
Temendo o peso e o cansaço, a maioria faz tudo para evitar situações
novas, embaraçosas, que envolvam qualquer tipo de conflito.
Mas aqueles que encaram para valer as situações que a vida
propõe, aqueles que resolvem "carregar as pedras", ao invés de
evitá-las, negá-las ou esquivar-se delas, esses alcançam a plenitude do viver e
transformam, com o tempo, o peso das pedras que transportaram em peso de
sabedoria.
Como está sua mochila?
Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em
busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o
cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.
Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava
vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de
comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua
força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a
panela, começou a perceber algo lhe atingindo.
Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado
nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava. O urso nunca havia
experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu
corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.
Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais
apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe
queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.
Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o
urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. O
urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso
corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.
Quando terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi
que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser
importantes.
Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e
por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de
abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.
Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos
derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que
tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem
sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a
coragem e a visão que o urso não teve.
Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder.
Solte a panela!
Certo dia, num mosteiro zen-budista, com a morte do guardião
foi preciso encontrar um substituto.
O grande Mestre convocou então todos os discípulos para
determinar quem seria o novo sentinela. O Mestre, com muita tranqüilidade,
falou:
- "Assumirá o posto o primeiro monge que resolver o
problema que vou apresentar."
Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme
sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito
raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo e disse
apenas:
- "Aqui está o problema!" Todos ficaram olhando a
cena. O vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro.
O que representaria? O que fazer? Qual o enigma?
Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o
Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e ... ZAPT ... destruiu
tudo, com um só golpe. Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o Mestre
disse:
- "Você será o novo Guardião do Castelo."
Moral da História: Não importa qual o problema. Nem que seja
algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado. Um problema é um
problema. Mesmo que se trate de uma mulher sensacional, um homem maravilhoso ou
um grande amor que se acabou. Por mais lindo que seja ou, tenha sido, se não
existir mais sentido para ele em sua vida, tem que ser suprimido.
Muitas pessoas carregam a vida inteira o peso de coisas que
foram importantes no passado, mas que hoje somente ocupam um espaço inútil em
seus corações e mentes. Espaço esse indispensável para recriar a vida. Existe
um provérbio oriental que diz: "Para você beber vinho numa taça cheia de
chá é necessário primeiro jogar o chá fora, para então, beber o vinho."
Limpe a sua vida, comece pelas gavetas, armários, até chegar
às pessoas do passado que não fazem mais sentido estar ocupando espaço em seu
coração. O passado serve como lição, como experiência, como referência. Serve
para ser relembrado e não revivido. Use as experiências do passado no presente,
para construir o seu futuro. Necessariamente nessa ordem!
MERECIMENTO
DAR O QUE PODE
O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turqueza azul.
- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?, diz ela.
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
- Quanto de dinheiro você tem?
Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:
- Isso dá?
Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
- Sabe, quero dar este presente para minha irma mais velha. Desde que morreu nossa mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Tome, disse para a garota. Leve com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo.Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
CURSO DE ESCUTATÓRIA
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi
anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer
aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que
ninguém vai se matricular.Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego
para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia
nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são
as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter
ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da
alma".
Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro
diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a
gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada
consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer,
que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante
e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados
Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os
índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados
em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as idéias
estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente,
alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em
seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos,
pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para
entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as
possibilidades.
Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na
verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas
que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não
tivesse falado".
Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você
falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto
que nem preciso pensar sobre o que você falou".Em ambos os casos, estou
chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando
cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião. Não
basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E
aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não
ouvia.Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo
que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A
música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar -
quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí,
livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia
que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: a beleza
que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza
mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se
juntam num contraponto.
Rubem Alves
Uma senhora idosa, num canto da rua, estava confusa e
hesitante na tentativa de fazer a travessia diante de um tráfego intenso.
Temerosa, ela não conseguia sair do lugar.
Finalmente apareceu um cavalheiro que, tocando-a, perguntou
se poderia atravessar a rua com ela. Alegre e muito agradecida, a senhora tomou
seu braço e juntos partiram em direção ao lado oposto.
Foi então que ela começou a ficar mais apavorada ao ver que
o cavalheiro ziguezagueava pelo meio da rua enquanto buzinas soavam e freios
eram acionados com motoristas dizendo palavras ofensivas. Quando finalmente
chegaram ao outro lado, ela, furiosa, lhe disse:
- "Você quase nos matou. Você caminha como se fosse
cego!"
- "Mas eu sou. Foi por isso que lhe perguntei se
poderia atravessar junto com a senhora."
Em muitas ocasiões nos encontramos aflitos e temerosos
diante de situações difíceis e, aparentemente, sem solução. Ficamos
fragilizados e hesitantes e, quando aparece alguém propondo uma saída, logo
abraçamos a nova possibilidade sem o cuidado de verificar se estamos trilhando
terra firme ou nos dirigindo a um precipício.
Um dia Paulinho voltou da escola muito bravo, fazendo o
maior barulho pela casa. Seu pai, percebeu a irritação e chamou-o para uma
conversa.
Meio desconfiado e sem dar muito tempo ao pai, Paulinho
falou irritado:
- Olha, pai, eu estou com uma tremenda raiva do Pedrinho.
Ele fez algo que não deveria ter feito. Espero que ele leve a pior. O Pedrinho
me humilhou na frente de todo mundo. Não quero mais vê-lo. E espero que ele
adoeça e não possa mais ir à escola.
Para surpresa de Paulinho, seu pai nada disse. Apenas foi
até a garagem e pegou um saco de carvão e dirigiu-se para o fundo do quintal e
lhe sugeriu:
- Filho, está vendo aquela camiseta branca no varal? Vamos
fazer de conta que ela é o Pedrinho. E que cada pedaço de carvão é um
pensamento seu em relação a ele. Descarregue toda a sua raiva nele, atirando o
carvão do saco na camiseta, até não sobrar mais nada. Daqui a pouco eu volto,
para ver se você gostou, certo?
O filho achou deliciosa a brincadeira proposta pelo pai e
começou. Como era pequeno e estava um pouco longe, mal conseguia acertar o
alvo.
Após uma hora, ele já estava exausto, mas a tarefa estava
cumprida.
O pai, que o observava de longe, aproximou-se e perguntou:
- Filho, como está se sentindo agora?
- Isso me deu a maior canseira, mas olhe, consegui acertar
muitos pedaços na camiseta - disse Paulinho, orgulhoso de si.
O pai olhou para o filho, que até então não havia entendido
a razão daquela brincadeira, e disse carinhosamente:
- Venha comigo até o quarto, pois quero lhe mostrar uma
coisa.
Ao chegar no quarto, colocou o filho diante de um grande
espelho, que ficou sem entender nada. Quando olhou para sua imagem, ficou
assustado ao ver que estava todo sujo de fuligem. Tão imundo que só conseguia
enxergar seus dentes e os pequenos olhos.
O pai então lhe explicou:
- Veja como você ficou. A camiseta que você tentou sujar
está mais limpa que você. Assim é a vida. O mal que desejamos aos outros
retorna para nós próprios. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém
com nossos pensamentos, a mancha, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós
mesmos.
Abriu a porta e viu o amigo que há tanto não via.
Estranhou que ele viesse acompanhado por um cão. Cão forte,
saltitante e com um ar agressivo.
Abriu a porta e
cumprimentou o amigo, efusivamente.
- "Quanto tempo!"
- "Quanto Tempo" ecoou o outro.
O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro, logo um
barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa. O dono da
casa encompridou as orelhas.
O amigo visitante, porém nada.
- "A última vez que nos vimos foi em ..."
O cão passou pela sala, entrou no quarto e novo barulho,
desta vez de coisa quebrada. Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas
perfeita indiferença do visitante.
- "Quem morreu foi o ... você se lembra dele?"
O cão saltou sobre um móvel, derrubou um abajur, logo trepou
as patas sujas no sofá e deixou a marca digital e indelével de seu crime. Os
dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber.
Por fim, o visitante se despediu e já ia saindo quando o
dono da casa perguntou:
- "Não vai levar seu cão?"
- "Cão? Ah, cão! Oh, agora estou entendendo. Não é meu
não. Quando eu entrei ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse
seu".
OS GESTOS CHEIOS DE SIGNIFICADO
OS GESTOS CHEIOS DE SIGNIFICADO
O NÓ DO AFETO
Em uma reunião de pais, numa escola da periferia, a diretora
ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos; pedia-lhes também que se
fizessem presentes o máximo de tempo possível...
Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela
comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e
entender as crianças.
Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se
levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar
com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque, quando ele saía para
trabalhar, era muito cedo, e o filho ainda estava dormindo...Quando voltava do
serviço, já era muito tarde, e o garoto não estava mais acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o
sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não
ter tempo para o filho e que tentava se redimir, indo beijá-lo todas as noites
quando chegava em casa.
E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó
na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites
quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele,
que o pai tinha estado ali e o havia beijado.
O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora emocionou-se com aquela singela história e ficou
surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da
escola.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de as
pessoas se fazerem presentes, de se comunicarem com os outros.
Aquele pai encontrou a sua, que era simples, mas eficiente.
E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai
estava lhe dizendo.
Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as
coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento;
simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele
filho, muito mais do que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é
importante que elas saibam, que elas sintam isso.
Para que haja a comunicação é preciso que as pessoas
"ouçam" a linguagem do nosso coração, pois, em matéria de afeto, os
sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto,
cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro.
As pessoas podem não entender o significado de muitas
palavras, mas sabem registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja
apenas um nó... Um nó cheio de afeto e carinho.
E você, já deu algum nó afetivo hoje?
MERECIMENTO
DAR O QUE PODE
O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turqueza azul.
- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?, diz ela.
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
- Quanto de dinheiro você tem?
Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:
- Isso dá?
Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
- Sabe, quero dar este presente para minha irma mais velha. Desde que morreu nossa mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Tome, disse para a garota. Leve com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo.Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
- Este colar foi comprado aqui?
- Sim senhora.
- E quanto custou?
- Ah, falou o dono da loja. O preço de qualquer produto da
minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.
A moça continuou: "Mas minha irmã tinha somente algumas
moedas" O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para
pagá-lo"
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo
carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.
- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode
pagar.
ELA DEU TUDO O QUE TINHA.
ELA DEU TUDO O QUE TINHA.
O silêncio encheu a pequena loja e duas lágrimas rolaram
pela face emocionada da jovem enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.
"Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem
restrições. Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura.
Seja sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém. Gratidão com
amor não apenas aquece quem recebe, como reconforta quem oferece."
Quando o trazia para fora do rio o escorpião o picou. Devido
à dor, o monje deixou-o cair novamente no rio.
Foi então à margem, pegou um ramo de árvore, voltou outra
vez a correr pela margem, entrou no rio, resgatou o escorpião e o salvou.
Em seguida, juntou-se aos seus discípulos na estrada. Eles
haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.
— Mestre, o Senhor deve estar muito doente! Por que foi
salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como
ele respondeu à sua ajuda: picou a mão que o salvava! Não merecia sua
compaixão!
O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu: —
Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha.
Então um senhor que já a algum tempo o observava disse-lhe:
-- Rapaz, por que estás tão inquieto?
O rapaz respondeu:
-- Não adianta contar-lhe pois não pode me ajudar. E
continuou ansioso, andando de um lado para o outro.
O senhor, mais uma vez tentou conversar com ele dizendo:
-- Meu rapaz, conte-me o que está te angustiando tanto.
Talvez eu possa te ajudar.
Então o jovem falou:
-- Há muito tempo atrás deixei meu pai, minha casa e fui
morar longe. Tentar uma vida independente, mas, agora resolvi voltar e então
escrevi, pedindo para meu pai receber-me de volta e avisei-lhe que estaria
nesse trem.
Se ele concordasse com minha volta, pedi que amarrasse um
lenço amarelo em um galho bem alto da árvore que fica na frente da casa. Agora,
o que está me angustiando é que estou chegando e tenho receio de que não tenha
nenhum lenço, então saberei que ele não me perdoou e assim, seguirei em viagem.
O senhor, então lhe falou:
-- Fique tranqüilo que eu ficarei na janela e olharei para
você.
Quando se aproximou do lugar onde o rapaz morava, o senhor
colocou-se na janela.
Passando o trem, o rapaz perguntou:
-- E então? Vê um lenço amarelo na árvore?
O homem respondeu:
-- Não. Eu não vejo um lenço amarelo... Mas, muitos lenços
amarelos... Um em cada galho da árvore!!!
A menina chegou em casa atrasada para o jantar.
Sua mãe tentava acalmar o nervoso pai enquanto pedia
explicações sobre o que havia acontecido. A menina respondeu que tinha parado
para ajudar Janie, sua amiga, porque ela tinha levado um tombo e sua bicicleta
tinha se quebrado.
- "E desde quando você sabe consertar bicicletas?"
perguntou a mãe.
- "Eu não sei consertar bicicletas!" disse a
menina. "Eu só parei para ajudá-la a chorar".
Não muitos de nós sabemos consertar bicicletas. E quando
nossos amigos caíram e quebraram, não as suas bicicletas mas suas vidas, poucas
vezes tivemos capacidade para consertá-la. Não podemos simplesmente consertar a
vida de outra pessoa, embora isso seja o que nós gostaríamos de fazer.
Mas como a menina, nós podemos parar para lhes ajudar a
chorar.
Se isso é o melhor que nós podemos fazer...
E isso é muito!
SE DESFAZER DO QUE PODE SER ÚTIL A OUTRA PESSOA
O SAPATO
O SAPATO
Um dia um homem já de certa idade abordou um ônibus.
Enquanto subia, um de seus sapatos escorregou para o lado de fora. A porta se
fechou e o ônibus saiu; então ficou impossível recuperá-lo.
O homem tranqüilamente retirou seu outro sapato e jogou-o
pela janela.
Um rapaz no ônibus, vendo o que aconteceu e não podendo
ajudar ao homem, perguntou: - Notei o que o senhor fez. Por que jogou fora seu
outro sapato?
O homem prontamente respondeu - De forma que quem o
encontrar seja capaz de usá-los. Provavelmente apenas alguém necessitado dará
importância a um sapato usado encontrado na rua. E de nada lhe adiantará apenas
um pé de sapato.
O homem mostrou ao jovem que não vale a pena agarrar-se a
algo simplesmente para possuí-lo e nem porque você não deseja que outro o
tenha.
Perdemos coisas o tempo todo. A perda pode nos parecer
penosa e injusta inicialmente, mas a perda só acontece de modo que mudanças, na
maioria das vezes positivas, possam ocorrer em nossa vida.
Acumular posses não nos faz melhores e nem faz o mundo
melhor. Todos temos que decidir constantemente se algumas coisas devem manter
seu curso em nossa vida ou se estariam melhor com outros.
ACHAR ALGO QUE SEJA UM ESTÍMULO
O CAVALINHO
O CAVALINHO
Certa tarde o paizão saiu para um passeio com as duas
filhas, uma de oito e a outra de quatro anos.Em determinado momento da
caminhada, Helena, a filha mais nova, pediu ao pai que a carregasse, pois
estava muito cansada para continuar andando.
O pai respondeu que estava também muito fatigado, e diante
da resposta, a garotinha começou a choramingar e fazer "corpo mole".
Sem dizer uma só palavra, o pai cortou um pequeno galho de
árvore e o entregou à Helena dizendo :- Olhe aqui um cavalinho para você
montar, filha !Ele irá ajudá-la a seguir em frente.A menina parou de chorar e
pôs-se a cavalgar o galho verde tão rápido, que chegou em casa antes dos
outros.
Ficou tão encantada com seu cavalo de pau, que foi difícil
fazê-la parar de galopar.A irmã mais velha ficou intrigada com o que viu e
perguntou ao pai como entender a atitude de Helena.
O pai sorriu e respondeu dizendo :- Assim é a vida, minha
filha.As vezes a gente está física e mentalmente cansado, certo de que é
impossível continuar.Mas encontramos então um "cavalinho" qualquer
que nos dá ânimo outra vez.
Esse cavalinho pode ser um bom livro, um amigo, uma
canção... assim, quando você se sentir cansada ou desanimada, lembre-se de que
sempre haverá um cavalinho para cada momento, e nunca se deixe levar pela
preguiça ou o desânimo.
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