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sexta-feira, 20 de julho de 2012

APENAS UM LUGAR DE CADA VEZ

Cheguei em São José à uma e pouco da manhã da sexta passada, e durante o dia Ana me ligou com um convite quase irresistível para que eu estivesse no Rio, sábado à noite. Um ingresso para ver Gal Costa com ela. Como ela me deu tempo para pensar, deixei para responder sábado de manhã.

Pensei nas muitas vezes que estive num lugar com a cabeça em outro e como era tentador o convite, mas meu "pai" fica tão bem quando estou lá e as empregadas e meu irmão fizeram tanta questão de dizer como ele gosta de mim e fala disso quando não estou lá que resolvi deixar a minha cabeça e o corpo num lugar só. Liguei para dizer que eu não ia e esqueci do assunto.

Entendo bem quando ele perde a paciência e falo com ele sobre isso com todas as letras porque deve ser terrível você depender de outra pessoa para tudo que você precisa ou quer fazer, até para se ajeitar na cadeira. O derrame  deixou o lado esquerdo paralisado e só agora ele começa com uma tímida movimentação da perna esquerda. Tem algumas situações para as quais eu não me sinto preparado. Essa é uma delas. Não digo isso a ele, porque não quero que ele morra porque vai me fazer muita falta, mas acho que eu preferia morrer. Nem sei o quanto isso pode ser contraditório.

Saí de carro para passear por duas vezes com ele. Um dia encontramos o pessoal tocando chorinho e noutro  andamos muito de carro quase chegando a Sapucaia e voltamos pela cidade onde eu já havia convidado ele para repetir  um bolinho de bacalhau que eu tinha levado para casa num outro dia e do qual ele falava que é para isso que ele tinha saído. Chegando lá ele quis sair do carro e sentamos numa mesinha. Ele não reclamou de nada e achou tudo bom. Sei que os passeios foram ótimos para ele. Saiu de casa para passear, sem compromisso com médico ou fisioterapia, viu gente e conversou com as pessoas. Também saí um dia só com minha "mãe" para almoçar fora para que ela saísse também um pouco do problema.

Ele está sentindo falta desses passeios sem finalidade.
Minha "mãe" conta que ele perde a paciência, ou quer voltar para casa logo ou ainda que se comporta mal com quem encontra, mas dessas vezes não aconteceu nada disso. Fiz  pouco comparado a quem está com ele todos os dias, mas saímos duma rotina que está massacrando ele.

Para mim também foi bom me sentir útil e necessário.
De vez em quando tenho sentido falta disso.

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