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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

DEPOIS DA SEPARAÇÃO

Quando comentei com um cliente suíço que estava me separando, ele ofereceu um apartamento que tinha em São Paulo, para que eu ficasse lá e pagasse todas as contas, com a condição de deixar o apartamento para ele quando ele viesse ao Brasil. Isso fez com que eu saísse de casa uma semana depois dessa conversa.

Era um apartamento novo, de dois quartos, duas garagens, num belo e moderno prédio, com infraestrutura de lazer e segurança completamente mobiliado e equipado. Era um cliente para quem eu trabalhava muito e que já me conhecia bem, tendo inclusive ido jantar conosco em casa.

Entre outras coisas eu era pago para ir a academia com esse cliente que casou com uma brasileira.
Mas eu achava que aquilo não era minha casa e que eu estava ali só passando uma chuva. Em seguida através dele apareceu uma oportunidade de ir a Suíça a passeio por uns quinze dias e com isso fui adiando para depois procurar um apartamento. 

Fiquei contente com a ideia, renovei passaporte, recebi a passagem e a data essa viagem foi adiada umas três vezes até que foi cancelada, quando ele perdeu o emprego dele no banco que trabalhava.

Com isso, eu lembro duma estoria que se passou nos Estados Unidos, onde o camarada acreditava que ia ter um emprego maravilhoso e por fim não era nada daquilo, era uma ilusão criada por um maluco, e um tempo depois ele encontra essa pessoa que fez aquela onda toda, trabalhando na cozinha de uma lanchonete e embora se sentisse tentado a falar alguma coisa, não falou nada porque sabia que a responsabilidade era totalmente dele por acreditar.

Onde eu me identifico é na parte de ficar esperando por algo que não aconteceu e a responsabilidade por isso é totalmente minha. Sou muito grato pelo tempo da "chuva" que passei naquele apartamento e por outras tantas coisas para as quais ter aquele cliente algo muito bom para mim naquele momento.

Mais tarde e antes dele perder o emprego, ele havia comprado um apartamento de quatro quartos num prédio novo na Vila Nova Conceição, que decorou com muita elegância e fez uma outra proposta para que eu fosse morar nesse apartamento novo, nas mesmas condições que eu tinha no apartamento de dois quartos, inclusive pagando as contas do apartamento menor.

A proposta era tentadora, mas achei que era hora de eu ter meu próprio apartamento, e embora ele falasse que viria pouco, queria me sentir em casa, já que ali eu me sentia hóspede e, como tal, sabia que não era minha casa. 

Essa recusa creio que tenha sido uma surpresa muito grande para ele e, talvez aí tenhamos começado a nos afastar. Talvez até porque eu não tenha entendido que se eu fosse para o apartamento maior ele poderia alugar o menor.

Esse foi um primeiro momento quando eu ainda estava surpreso com a separação, perdido, meio sem saber o que fazer e nesse meio tempo eu estava procurando me distrair vendo o que havia de bom  indo muito ver tudo, teatro, cinema e dança. 

Não acredito em tempo perdido, mas se acreditasse, poderia assim chamar esse tempo. Eu estava boiando, assim meio que me dando um tempo, me dando conta do que estava acontecendo na minha vida.

Demorou um pouco para eu começar a me encontrar.

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