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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

LIDANDO COM AS MINHAS PERDAS

Sempre penso que quando tiver conseguido falar de tudo de uma maneira aberta e franca, estarei pronto e livre. Muitas delas coloquei aqui, outras vão ter em outro lugar um foro mais adequado.

Mesmo tendo falado de muitas coisas, acho que continuo rodeando alguns assuntos, principalmente aqueles que envolvem sentimentos de perda e um deles que talvez seja ponto de origem de outros, aparentemente é mais fácil lidar.

Um dos meus tios, uma pessoa extremamente inteligente, elegante e envolvente abriu uma construtora de sucesso. Também foi eleito deputado federal algumas vezes e levou os irmãos para trabalhar com ele, inclusive meu pai.

Num dos negócios que fez adquiriu uma fazenda próxima ao Rio, em São José, onde íamos passar fins de semana e algumas férias. Comecei a ir à fazenda quando criança, com meus pais, e mais tarde criei uma ligação afetiva com o lugar.

Algum momento em lugar de construir prédios eles resolveram construir obras públicas, como barragens e não sei se esse foi o erro que os levou a uma concordata. Esse meu tio veio a falecer e meu pai que abriu uma imobiliária em Copacabana, veio a falecer também poucos anos depois dele enquanto um outro tio permaneceu tocando os negócios da construtora até, por fim, conseguir liquidar a concordata.

A fazenda que tinha 65 alqueires estava no nome da Construtora. Liquidada a concordata ele passou para o nome dele dividindo ela em cinco. Um dia comentei esse assunto com ele e ele me disse que considerava a fazenda o pro-labore dele por ter gerenciado a concordata até ela não mais existir. Achei que não cabia nenhuma outra argumentação porque julguei válido o raciocínio dele. Gerenciou um problema que os outros não quiseram ou puderam gerenciar e resolveu o assunto. Isso demandou tempo e esforço. Nada mais natural que fosse recompensado por isso.

Durante parte da minha adolescência fui muito lá e na época cheguei a sonhar que um dia seria possível fazer alguma coisa ali. Depois passou. Hoje eu vou lá sem que aquilo me afete em nada.
Aliás fui lá há poucos dias.

Com a minha casa onde ainda vive a minha ex-mulher e ainda é parte minha não acontece isso. Depois de um tempo não quis ir mais lá, nem quando tenho motivo. Não quero ir lá de jeito nenhum, assim como ainda não quero conversar com ela, mas está na hora de corrigir isso.

Isso, ainda não passou.
Mas já passou da hora de passar.

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