Total de visualizações de página

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

COMO SE INICIA UMA TRADIÇÃO

Dia 30 de dezembro foi o último domingo do ano. Fiquei em dúvida se teria música na Estação em São José do Vale do Rio Preto, mas como eu estava lá, eu fui.
Tinha.
É com consistência que se inicia uma tradição.
Quando você tem certeza que aquilo acontece sempre.

 A música acontece cada vez melhor.
Com gente que está ali fazendo aquilo por prazer. O bom cavaquinho é tocado por um produtor rural que tem se dedicado aos produtos orgânicos e que gostaria de que esse produto chegasse à mesa dos mais pobres.
Com o Marcos, que ensina trazendo através das suas figuras pintadas a presença músicos ilustres às ruas.


Com o estímulo e coordenação do Nei Machado, que quer passar invisível, mas é impossível, pois é, na minha opinião, o grande responsável por isso. Encontrei a Valnete que me disse pensar assim e também que sempre fala isso para ele.Tenho uma grande admiração pelo trabalho que já está sendo feito e pelas idéias que tem para o futuro. Ver esse trabalho com música e ouvir falar do evento que eles fazem às sexta-feiras para uma população carente de tudo, inclusive de diversão e cultura, me deixa feliz.
Hábitos se formam. Música agrega e congrega. Esse é um bom começo.

São José ainda era o 5° distrito de Petrópolis quando era uma cidadezinha bucólica e arrumadinha com carnavais nos clubes de cima e de baixo, com uma presença frequente de pessoas que vinham do Rio para os fins de semana e férias. Nós adorávamos aquilo e criávamos nossos hábitos como o de sair atrás dos músicos pelas ruas da cidade quando terminava o último baile de carnaval, ir ao cemitério tocar o sino de madrugada, pegar a Veraneio encher de gente e entrar na primeira estradinha onde ainda não tínhamos entrado, as fogueiras aqui ou ali ou nos encontrar para bater papo na pracinha em frente à igreja. Quando tínhamos Tom Jobim vindo de sua casa no Poço Fundo de pijamas tomar cerveja ou uma pinga

Hoje dois anos depois daquela enchente devastadora, vejo a cidade perdendo a identidade, com algumas construções feias invadindo as ruas, sem deixar um pedaço decente de calçada.
Vendo essa iniciativa e ouvindo falar de outras sinto que ainda posso ter a esperança de que a cultura pode ser cultivada e tornada um hábito e um instrumento de mudança.
Que se façam pequenas coisas  e que essas pequenas coisas sejam a prova que necessitavam de que outras podem ser feitas.
Que a arte possa invadir e tome conta dando uma nova identidade a um lugar que está precisando de uma nova.

Nenhum comentário:

Postar um comentário