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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

É DE ARREPIAR, MAS O SUL DO PAÍS NÃO TEM IDÉIA DO QUE É A SECA


Uma entrevista, onde a voz do entrevistador é mantida em off, fica parecendo uma conversa onde a pessoa vai contando situações e acontecimentos, como se estivesse em casa junto com amigos.
Por um desses acasos felizes comprei semana passada uma coleção de cds, onde além das músicas existe uma entrevista de cada um dos cantores, exatamente assim.

Um desses discos é do Fagner que conta porque foi inesquecível um show que fez com Luiz Gonzaga num estádio em Natal, Rio Grande do Norte,  onde eles pediam chuva para uma região que estava numa seca que já durava três anos.

Quando Luiz Gonzaga começou a cantar Súplica Cearense a chuva começou a cair, forte, e a emoção tomou conta gerando um choro generalizado numa plateia de aproximadamente cinquenta mil pessoas. Os demais músicos abandonaram o palco e Luiz Gonzaga continuou a tocar com apenas o Fagner acompanhando na guitarra, quando alguém começou a tocar a bateria. Era Jorge Ben, que subiu ao palco para ajudar os dois. 

Encontrei esta semana pessoas do Norte e Nordeste e perguntei a respeito da seca porque para nós é uma coisa distante e ouvi de pessoas que tem quase nada e estão perdendo o que tem por conta da seca que está matando os poucos animais que eles tem ou os fazendo vender por quase nada e até em alguns casos simplesmente dar os animais sem receber nada em troca para evitar que eles morram.
Também ouvi a respeito dos aproveitadores do Pará que vão com caminhões aos locais onde a seca está castigando mais comprando muito barato os animais daqueles que não tem água e por não ter água também não tem pasto para esses animais.

Enquanto isso no Sudeste é mais provável que as pessoas estejam comovidas com situações dramáticas de pessoas em países da Europa, mais presentes nos noticiários.


Súplica Cearense
Waldeck Artur de Macedo   (Gordurinha)

Oh! Deus,
Perdoe esse pobre coitado,
Que de joelhos rezou um bocado,
Pedindo pra chuva cair,
Cair sem parar.

Oh! Deus,
Será que o senhor se zangou,
E é só por isso que o sol se arretirou,
Fazendo cair toda chuva que há.

Oh! Senhor,
Pedi pro sol se esconder um pouquinho,
Pedi pra chover,
Mas chover de mansinho,
Pra ver se nascia uma planta,
Uma planta no chão.

Oh! Meu Deus,
Se eu não rezei direito,
A culpa é do sujeito,
Desse pobre que nem sabe fazer a oração.

Meu Deus,
Perdoe encher meus olhos d'água,
E ter-lhe pedido cheio de mágoa,
Pro sol inclemente,
Se arretirar,

Desculpe, pedir a toda hora,
Pra chegar o inverno e agora,
O inferno queima o meu humilde Ceará.

(coloquei apenas a parte que acho mais interessante da letra)

Um comentário:

  1. Que bonito...procurava um trecho da música e deparei com esse conteúdo emocionado. Gratidão

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