Total de visualizações de página

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

APRENDENDO O QUE ESPERAR DOS OUTROS



Uma amiga disse que sou atencioso.
É verdade.
Me veio à cabeça quem não é e não liga, mas também me veio à cabeça quem pensa que é mas não é.

É mais fácil ver o que os outros fazem de errado do que o aquilo que nós mesmos fazemos.

Isso vale em relação a tudo.
Talvez até por uma questão de perspectiva.
É mais fácil ver os outros que a nós mesmos.

Aprendo muito com o que vejo. Aprendo o que fazer e aprendo o que não fazer.

Tenho aprendido muito mais o que não fazer olhando o que outros estão fazendo.

Brincam que os cariocas muitas vezes se despedem convidando para passar em casa, mas não dão o endereço. Faz mais de dois anos que uma vizinha me diz que vamos fazer um jantarzinho na casa dela e uma vez ou outra ela repete isso. Não vou dizer isso para ela, mas hoje eu nem considero quando ela fala isso.


E ela nem é carioca.


Mas lembrei de uma outra pessoa próxima e vejo que esse não foi o único convite desse tipo que recebi. Alguns convites parecem ser feitos porque é de bom tom fazê-los, mas não acontecem. Talvez porque vão dar trabalho.

Mas já comprei e tento vender a ideia de que relacionamentos, sejam quais forem, dão trabalho.

Indo para um outro lado, tem gente que pensa que é o umbigo do mundo.

Pensam que merecem todo tipo de atenção mas não retribuem da mesma forma.

Uma pessoa que conheço me deu vários exemplos disso recentemente. Numa conversa me contou de desatenções que teve com uma namorada, sem que sequer as percebesse como desatenções, e me contou antes das muitas atenções que ela teve com ele e ele nem valorizou, talvez porque se julgasse merecedor e quando ela, provavelmente cansada, deixou de fazer algo ele julgou de uma tremenda desatenção.


Mas, também sem perceber, fez algo parecido comigo. Quando vivi uma situação de morte na família não me fez nenhuma pergunta que mostrasse  o interesse ou solidariedade, que sei que gosta de receber.


Não fez muita falta, mas sei que se fizesse uma pergunta ou duas teria pelo menos demonstrado interesse.

Há umas semanas estava conversando com uma pessoa que me contou que a esposa falava da própria mãe, quando, preocupada dela mesma vir a repetir as atitudes que estava criticando no futuro, parou de falar, olhou para ele e disse:

"- Por favor, não me deixa ficar igual a ela."

Esse é o valor do espelho.

Olhar aquilo que os outros fazem e não gostamos e nos tornarmos conscientes para não fazer também.
Ou ainda, pelo lado positivo, olhar o que os outros fazem e admiramos e passar a repetir as mesmas atitudes.

Como a questão da natureza de cada um também é relevante lembrei da estorinha do monge e o escorpião.


Não posso esperar dos outros aquilo que não é da natureza deles, mas penso que a vida é cheia de escolhas. Inclusive da escolha de quem faz parte da sua e que tipo de relação você tem com pessoas que não estão prontas para se relacionar com você da maneira como você precisa.

Você só tenta corrigir aquilo que tem jeito, de pessoas com quem você se importa.
Nos outros casos pode escolher não se relacionar com a intensidade que se relacionava, ou não se importar e reagir apenas de acordo com a sua natureza.

Quem sabe eu venha a ser menos intenso com algumas pessoas que não importam tanto, mas com os outros vou continuar procurando dizer, de alguma forma, que eu me importo e mostrar afeição com a atenção e a cumplicidade que eu gostaria de poder esperar deles também.



Quando minha amiga comentou, me perguntei porque ser atencioso lhe chama a atenção e conclui que é porque está cheio de gente que poderia ser e não é.

Nenhum comentário:

Postar um comentário