Era um pub, que tinha sido montado por um piloto comercial
inglês aposentado, com a decoração e o cardápio de um pub inglês, mas muito melhor,
porque ficava em Ipanema , na rua Paul Redfern, e era mais frequentado por
brasileiros.
Eu era jovem e foi ali que criei o hábito de frequentar o
mesmo bar.
Tinha minhas razões para isso. Não é difícil ter razões para ir ao mesmo bar. Fica sendo como uma extensão da sua própria casa.
Ficava lotado tanto com os frequentadores habituais, como
por quem estava indo pela primeira vez e alguns estrangeiros também. Peguei um tempo que tinha algo
que mais tarde deixou de ter. Música ao vivo. Música de vez em quando
proporciona uma sintonia entre as pessoas, que poderia não existir se ela
não estivesse no ar.
Conheci lá algumas figuras folclóricas, como o Carlos, um advogado cego que muitas vezes ficava absolutamente bêbado, o Feijão, que na música fazia a percussão e no bar o Dequinha que me chamava de Paulo, mesmo que esse não fosse meu nome, até que combinamos que quando alguém quisesse perguntar de mim deveria procurar o Paulo que não era Paulo.
Conheci muita gente, ouvi uma ou outra estória interessantíssima e encontrei ali uma ou outra namorada. Muitas vezes fiquei até fechar e algumas dessas vezes fiz questão de levar alguns deles que moravam na favela da Rocinha em casa. Quando mudei para São Paulo, já faz quase um milhão de anos, cheguei a comprar um carro no fim de semana e pagar por ele em dinheiro trocando um cheque meu no Lord Jim.
No começo, quando ia ao Rio fazia questão de dar uma passadinha lá. Mas as coisas mudam. O Lord Jim também mudou. Já não era a mesma coisa. Vou sentir falta do que foi.
Fez parte da minha vida.
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