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sexta-feira, 15 de julho de 2011

NÃO SOU TÃO BACANA COMO VOCÊ ACHA

Não tenho muito espaço.
Vivo num apartamento com área menor que meu quarto numa casa que ainda é parte minha, mas onde não vivo mais. Até agora não chegamos a lugar nenhum.

Cada um pode reclamar de algo. Ela da manutenção que exige uma casa grande. Eu, do fato de estar pagando aluguel e vivendo num apartamento pequeno.

Me sinto independente, mas ainda sinto determinadas pancadas.
Esta semana minha filha se propôs a trazer umas caixas de coisas minhas para que eu visse o que eu queria e eu achei a ideia extremamente razoável, assim como autorizei dar fim em algumas coisas que ela mencionou ao telefone, mas chamei a atenção para o fato de não ter espaço; então que me trouxesse coisas que ela achasse que depois de olhar eu fosse querer jogar fora.

Estou me desapegando de coisas. Preciso de cada vez menos.
Mas ainda estou vivo e ainda sinto.

Quando ela trouxe vieram coisas que não vou jogar fora, mas para qual não tenho espaço, assim como propôs trazer quadros com fotografias que eu não pretendo colocar nesse apartamento em que vivo e cujo contrato de aluguel vence em alguns meses.
Acho que ela não está com muito tempo nem com muita paciência.

Esse apartamento tem piso branco e paredes brancas. Nenhum quadro, nada pendurado. Foi uma espécie de limpeza. Porém sei que a vida segue e eu não estou mais nela e disse que podiam tirar da parede as fotografias e embalar com cuidado.

É como se agora tivessem uma grande pressa de tirar tudo que é meu de uma casa da qual não posso abrir mão da minha parte, mesmo tendo a vontade de fazer, se pudesse. Até resolvermos esse assunto da casa e sendo ela tão grande penso ser razoável ter umas coisas minhas lá, guardadas em algum lugar.

Faz pouco tempo jantei na casa da minha filha. Meu genro me disse que eu devia aparecer mais e eu respondi que iria mais se fosse convidado. Posso contar nos dedos as vezes que fizemos algo juntos nesses últimos anos e algumas delas porque fui encontrar com ela para almoçar no sábado, num horário e local conveniente para ela. Achava que a responsabilidade era minha.

Não sou tão bonzinho que não ligue para essas coisas.
Não sou tão bacana que possa agora não passar a ver de uma forma diferente a vida e não me colocar como prioridade.
Finalmente!
Mas me sinto com em Mal Secreto. Sou grandinho.

A vida não é tão perfeita e eu menos ainda e, a meu ver, ela não está muito consciente que estou pensando que a nossa relação tem girado muito em torno dela. Ela tem pensado que é dona da razão em tudo e isso está me incomodando também. Gostaria que ela aprendesse que não é, em menos tempo do que me tomou para aprender isso.

Mas lembro que alguém dizia que quanto mais nos tornamos tolerantes, menos toleramos os intolerantes.

Outro dia desses eu ouvi uma entrevista de um especialista em ouvido e ele falava dos recursos existentes hoje para a recuperação da audição, e disse algo que me chamou muito a atenção para outros aspectos que não o físico: passar a ouvir era uma coisa, transformar o que ouvia em informação era outra e essa era a diferença entre ouvir e compreender.
Espero que ela alcance a diferença entre ler e entender o que estou dizendo e o que sinto à respeito, antes de achar que o que o importante e "certo" é o que ela pensa e sente.

Por incrível que pareça eu sinto coisas diferentes do que ela pensa.
Um dia desses eu disse a ela que eu estava fazendo testes. Não dei detalhes. Nem ela me perguntou.


Um dia desses estava com uma amiga que disse que ficar bem sozinho tinha suas coisas boas, mas que quando precisasse de companhia, que ligasse para ela. As vezes é tudo o que você precisa.


" E tudo mais jogo num verso, 
intitulado Mal Secreto.

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