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sexta-feira, 3 de abril de 2009

AS PESSOAS NÃO CONSEGUEM ENXERGAR A SI MESMAS


Uma das mais lindas metáforas que já vi foi num filme onde havia um personagem lateral, que era um garotinho de seis ou sete anos que passava o tempo todo fotografando e um dia o pai voltando para casa com as fotos reveladas perguntou para o garoto porque todas as fotos que ele tirava eram da nuca das pessoas.
A resposta do garoto foi:
- As pessoas não conseguem ver a própria nuca. Eu estou ajudando elas.

Achei isso sensacional para todo tipo de situação, tanto as físicas como as mentais.

Penso que muita gente não tem muita noção de si mesmo. Eu mesmo só tomo conhecimento da minha calvície quando vejo uma fotografia minha. Juro que não consigo ver nem no espelho.

Assim também passei anos gordinho não notava e não ligava. Na verdade, não fazia parte das minhas preocupações. Depois, mesmo fazendo academia e com menos peso, não via uma barriguinha que foi embora só depois de muito, mas muito tempo.

Estou seguro que há gente que vive se olhando no espelho, mas ainda assim não se conhece totalmente e, pensando nessa curiosidade que as pessoas tem a respeito de si mesmas ao mesmo tempo que se desconhece, inclusive fisicamente, imaginei algo que poderia ser uma atividade, uma prestação de serviços.
Uma das coisas a serem feitas seria tirar uma quantidade absurda de fotografias (sei lá, 200, 300) da pessoa em todos os ângulos possíveis e aquilo seria imediatamente descarregado da máquina para um CD e não ficaria nenhuma foto que não fosse entregue para a pessoa. Isso por que se você não gosta de uma fotografia ou de um ângulo seu, também não gostaria que uma outra pessoa ficasse analisando. Aquilo seria uma coisa sua.
A pessoa escolheria aquelas em que gosta de se ver e as que não gosta e com isso aproveitaria melhor seus melhores ângulos ao mesmo tempo que poderia trabalhar naquilo que não acha tão bom. E também se aceitar naquilo que não pode ser mudado.

É importante ter a consciência de que a gente não vê defeito nas pessoas que a gente gosta. Ou, se a gente vê, naquela pessoa não é importante. E a recíproca é verdadeira!

Me lembro, por exemplo, de uma namorada da qual um colega de faculdade dizia ter o queixo parecido com o menino do desenho “A espada era a Lei”, e mesmo depois dele ter dito isso eu não conseguia ver assim.

As outras, as que nem conheço, posso olhar, de longe, para todos os detalhes e achar um defeito qualquer, mas penso na fábula da “Raposa e as Uvas”, e para aquelas que são absolutamente maravilhosas e suculentas como as uvas maduras que a raposa não conseguia alcançar, há sempre há a alternativa de dizer, quando se vai embora:
- Está verde!

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