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quinta-feira, 9 de abril de 2009

UMA CARTA SEM FIM PARA A MINHA FILHOTINHA


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Filhotinha,

Escrevendo para você uma vez, falei de uma outra carta que eu gostaria de fazer, essa, sem fim.

Agora que eu comecei um processo interno, de desmontagem e remontagem de mim mesmo, estou me expondo, e escrever um blog é uma declaração de que gosto do que vivi, do que vivo e que espero coisas boas também do futuro.

Então, já que não preciso dizer tudo de uma vez, por que essa carta é uma carta sem fim, eu posso, ao menos, começar.

O melhor de tudo que não é por que eu pense que reste pouco tempo, ou que existam coisas que precisam ser ditas para serem postas no lugar, mas é apenas uma carta também de amor sem fim.

Desde garoto eu quis ter um filho. Sempre fui muito apegado a alguma criança antes de ter você e continuo gostando deles e você sabe que não é nenhuma vontade de ser avô.

Eu, garoto, descia do apartamento para ficar com a Cristina, filha da Norma e neta do Seu Armindo do quarto andar.

Quando trabalhava de madrugada em Campinas, muitas vezes ia direto para a piscina do clube
No clube me apaixonei pela Paula e pela Lívia, irmãs, e que na época deviam ter um e meio e três anos. 

A Paula também ficou tão ligada a mim que me lembro de uma vez que ela se machucou e começou a chorar e passou direto pela mãe dela para procurar consolo comigo.
Lembro também quando ela se acomodava no meu peito e colocava um dedo na boca. Como aquele momento me dava uma sensação boa!

Hoje, por exemplo, gosto de encontrar o Pedro e a Marília, a Teresa e o Gabriel, a Luma e o Tiago.

Quando você nasceu, para sua mãe você era a quarta, mas para mim era a primeira e única e eu não tinha nenhuma noção de quanto estava ligado em cada respiração e cada miadinho que você dava no quarto ao lado, e ia lá olhar, até a primeira vez que, maiorzinha, você foi dormir fora de casa pela primeira vez e eu vi como eu dormi profundamente relaxado aquela noite, pela primeira vez em muito tempo.

Não foi a única vez, mas na primeira vez que viajamos sozinhos, você tinha dez meses e fomos ver uma das grandes paixões da minha vida, que eram meus avós Amâncio e Vitória. É aquela foto sua nos braços duma aeromoça. Ser atenciosa com a família é uma das coisas que eu gosto muito em você.

Acho dois anos uma idade maravilhosa, por que a criança se comunica e está tomando conhecimento do mundo e muitas vezes o faz de maneira muito engraçada, mas quando penso em você, penso que aproveitei muito cada idade sua, e inclusive agora, com 23 anos fico feliz com a pessoa que você é.

Você se mostrou independente desde muito pequena, brincando sozinha por horas, ou um tiquinho de gente que era e queria usar o fogão para esquentar seu próprio leite, ou do dia que abriu a lata de lixo e jogou lá todas as mamadeiras.

Perto dos dois anos e viajando sem sua mãe, chegamos na casa da tia Vera em Vitória (Agora não posso mais dizer que é minha tia preferida! Minhas tias descobriram que eu dizia para cada uma delas que ela era a preferida!) e quando fui colocar você para dormir você simplesmente declarou:
- Pai, eu não quero mais usar fralda.
Eu concordei, mas depois que você dormiu, fralda!
No dia seguinte, a fralda estava sequinha. Foi a última fralda que você usou.
Todos os pacotes de fraldas descartáveis que eu havia levado foram apenas a passeio, porque voltaram para casa para serem usados pelos primos.

Quando você mudou de escolinha e ficou muito entediada, fui conversar com a dona da escola e você ficou bem mais contente quando passaram você para a classe mais adiantada, mas no ano seguinte você esperava que eu fosse na escola e conseguisse a mesma coisa novamente!
Ali, você não só sabia o nome de todas as crianças como sabia o nome das mães deles.

Você fazia sua mãe tremer, quando pequenininha também, subia no trepa-trepa e lá do alto se jogava se agarrando no cano que tem na parte central, descendo como um bombeiro.
Não pense que eu não me arrepiava também, mas eu acreditava que se você não tinha medo não deveríamos colocar o medo em você.

Mas eu fiquei muito nervoso quando voltando do clube para casa de bicicleta, e eu de carro atrás de você, você caiu. Realmente me descontrolei ali, acho que sentia não haver protegido você o suficiente.

Numas férias na praia, não me lembro do nome do brinquedo, mas ele girava no solo primeiro e depois um eixo central ia levantando o brinquedo e começávamos a girar de cabeça para baixo quando estávamos no alto. Sua mãe apavorada olhando de fora e eu com você sentada um pouco a frente entre meus joelhos, começava a ficar preocupado. Quando aquilo parou e nós saímos a primeira coisa que você disse era que tinha gostado e perguntou quando iríamos de novo. Mas eu disse logo por que já sabia a resposta:
- Nunca!!

Quando aos 12 anos fomos ao PlayCenter e eu chamei você para voar no Skycoaster, você ficou rodeando dizendo mais tarde, mais tarde e mais tarde realmente fomos e embora você tivesse enrolado um bocado para ir, já na semana seguinte foi de novo, acho que com a Tita e, você já pulou de paraquedas, coisa que eu não fiz.

Acho que você e todos seus irmãos se tornaram adultos equilibrados, seguros e independentes e ainda assim eu gostaria de levar adiante uma idéia que eu tive de escrever um livro para você ensinando umas e sugerindo outras coisas para situações da vida nas quais eu talvez não esteja presente e fazer isso talvez seja uma forma de estar ao seu lado, mas isso não é parte da carta sem fim.

Caetano escreveu para sua irmã Maria Bethânia a música Baby e expressa de certa forma o que eu gostaria de dizer:



Você,  
precisa aprender inglês,
precisa aprender o que eu sei
e o que eu não sei mais,


Baby,
I Love You


Papai

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