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quarta-feira, 1 de abril de 2009

UMA VELA NA VARANDA





Faz pouco tempo que mudei para um apartamento pequeno, numa rua tranquila.
Tem uma varandinha pequena e eu comprei para colocar lá uma dessas mesinhas de bar, de metal.
Pedi internet mas não trouxe, nem comprei uma televisão. Estou precisando me focar e como gosto do tipo de humor dessas séries americanas  a tv poderia me distrair.

Sinto que não quero me distrair demais. Estou querendo aprender a ter foco e tem sido uma experiência interessante essa de não ter tv.

O que está em mim e não posso passar sem, é música. Então o som é o que não poderia faltar, e aos poucos estou trazendo meus Cds e meu gosto é bastante variado.

Na academia a música também me ajuda muito a fazer aeróbios bem longos. O que acontece é que quando alguém vem para o aparelho do meu lado, tenho que dizer à pessoa que eu sei que posso acabar cantando baixinho, mas para que fique à vontade para me dizer se eu cantar alto e incomodar.

Tenho ficado sòzinho e algumas vezes tenho ficado solitário, mas tenho aprendido a viver assim. Vi coisas que eu escrevi há muitos, muitos anos e é engraçado como muitas delas ainda me refletem bem, como isso:


Uns pegam o cigarro,
enquanto eu, o papel.
Ouvindo coisas bem conhecidas
vou me sentindo em casa.

Um pouco mais só.
Um pouco mais triste.


Nesse instante
não carrego o mundo comigo.

Debaixo de minha euforia
reside uma melancolia
que não me sufoca
mas que acompanha
por muito tempo...
por toda a vida.



Ultimamente tenho ficado só. Tenho ficado comigo mesmo.

Uma amiga me disse que tem me sentido um pouco triste

Li um pouco a respeito de meditação e uma das coisas para os iniciantes é aprender a ficar em silêncio ou a se concentrar em apenas uma coisa como a chama de uma vela ou um lençol branco, sem pensar em absolutamente nada.

Então, quando chega a noite, acendo umas duas velinhas dentro de uns copinhos junto a um janelão em blindex que tem no meu quarto e acendo outras na minha varanda. Olho fixamente para a chama de uma ou outra vela perto de mim.
E olho a lua, quando há lua. E olho para o céu e também para o nada.
Estou sentindo que vou acabar aprendendo a meditar.

Faço o possível para não olhar para os prédios próximos. Na minha idade creio que estou mais respeitoso que curioso.

Esse ano foi um ano diferente para mim. Passei 25 anos casado e estava pronto para mais 25 anos, quando acabei por decidir por me separar por que queria e quero a atenção dos primeiros tempos de namoro.

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