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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

AS CARTAS QUE NÃO JOGUEI FORA



Esvaziei as gavetas, limpei o guarda-roupa e destranquei a porta. Agora a felicidade tem como se hospedar em minha casa.
Thais Modanez


Acumulamos tudo. Parece fazer parte da nossa natureza.
Tenho caminhado na direção contrária. Eu gostava de ferramentas, de papelaria, de guardar artigos que eu achava interessantes, entre outras coisas, mas vinha num processo de limpeza que estava durando anos, até porque é difícil mudar paradigmas tão profundamente enraizados.

Talvez tenha a ver com espaço. Uma casa grande versus um apartamento pequeno.
Mas eu preciso cada vez de menos coisas

A cada vez que eu revia o que estava guardando eu eliminava coisas e papéis. Algumas são mais difíceis porque são pedaços da minha vida e me falam tanto que ainda não me permitiram fazer isso. Seria como se eu estivesse jogando fora parte da minha vida.

Minha tia-avó, hoje com noventa anos, guarda as cartas trocadas entre ela e o marido e sua nora diz que quer as cartas para talvez até publicar. Minha tia fala do se expor e eu penso que não se pode esconder algo tão valioso. Ninguém conhece as cartas, mas conhecendo eles, acho que não podem se perder. Ela não jogou fora até hoje, assim como eu não joguei algumas das minhas, entre elas as do meu tio-avô.
Continuam importantes para mim.
Talvez estejam aí para serem eternizadas.

Como tenho motivos para não esvaziar essas gavetas, espero que a felicidade venha e tenha espaço suficiente para se hospedar em minha casa.

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