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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O LIVRO DOS ITENS DO PACIENTE ESTEVÃO



Uma das dúvidas que eu tenho quando penso que vai chegar o momento onde, mesmo que eu não faça isso, vou poder pensar na conveniência de mudar daqui para fazer alguma coisa diferente, é se o lugar tem dessas coisas que passaram a ser necessárias para mim.
Teatro, música e dança.
Eu sou um consumidor disso. Se passo, mesmo que pouco tempo, sem ver, começo a sentir falta. Não sei como seria estar em algum lugar onde não tivesse. Seguramente eu me adaptaria, mas sei que me faria falta.

Haviam duas peças que eu vinha pensando em ir e hoje, depois de ter passado o sábado quietinho me recuperando da sexta achei que era o dia que eu podia ir ver essa peça que tem cinco horas de duração e apenas vinte minutos de intervalo.

Eu nunca tenho a expectativa de que uma peça que dura cinco horas, vá me agradar durante as cinco horas. Para mim é certo que algum momento eles vão perder a mão. Não foi diferente hoje, embora boa parte do tempo eu tenha gostado.

Fevereiro deste ano assisti a Banda Hamlet que é formada por vários atores que pertencem a diferentes coletivos de teatro. Semana passada fui a uma Leitura Dramática da Lucienne Guedes Fahrer e hoje, nessa peça, encontrei dois outros membros da Banda. Um atuando e outra, acho que foi vê-lo.

Toda peça tem no texto alguma coisa que me chama a atenção.
Às vezes é uma situação, outras é apenas uma frase que naquele momento serve para mim.
Na peça " O Livro dos Itens do Paciente Estevão" foi o Danilo Grangheia, quem teve o texto que ficou em mim.

Na peça o personagem contava que quando criança demorou muito tempo para falar e que a primeira que disse alguma coisa foi quando viu o mar e um navio pela primeira vez.
A frase foi:

"- Eu quero barco!"

Contava então que a família  ficou muito alvoroçada com o fato dele ter finalmente dito alguma coisa e no dia seguinte levaram ele para um passeio marítimo de um dia e que depois de um tempo navegando ele disse a segunda frase de sua vida:


"Chega de barco!"


E completava o texto, dizendo que é nisso a vida se resume:


"Eu quero barco!" e

"Chega de barco!

E não é que o resumo da vida é exatamente esse?

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