Fui a Brasília visitar tia Clarita, que é uma tia avó, irmã de meu avô materno. Como outras coisas eu também ia deixando essa para depois e depois não chegava.
Agora veio a ocasião.
Fui especialmente para a festa que comemorou seus noventa anos.
Fiquei extremamente feliz de ter ido e a encontrei com uma memória fabulosa, assim como a disposição.
Estive com ela os três dias que estive lá e a festa foi movimentadíssima.
Lá pelas duas e pouco da manhã as pessoas estavam saindo e uns estavam falando em ir para um clube noturno e só de brincadeira fui até perto dela e falei para meu primo Renato para perguntar para ela se ela não queria ir. Ela, que estava vestida exatamente igual ao enfeite do bolo acima, disse que sim, se pudesse trocar de roupa.
O papo nesses dias foi ótimo. Ela continua contando estórias, com graça e humor. Ouvi algumas, umas outras estavam num livretinho que haviam preparado para a ocasião. Aqui vai uma delas, copiada de lá:
VELHAS
Era uma das minhas grandes amigas. Elegante, vaidosa, charmosa. Enfim, uma pessoa encantadora.
Mas era apavorada com a velhice.
Não se podia falar perto dela de coisas do passado. Músicas antigas, da nossa época, não conhecia nenhuma. Não era do meu tempo, dizia. Na presença de outros, não deveríamos revelar nossa idade, porque poderiam achar que a dela era igual. Plásticas e mais plásticas lhe garantiam a eterna juventude.
Certo dia íamos de carro. Ela dirigindo e ambas no maior papo.
De repente apareceu um homem apontando para nós com a cara zangadíssima. Como não sei dirigir, não consegui imaginar o que ela fizera de errado.
Aproximando, ele gritou: "Suas p.... velhas!"
Ela olhou para mim, quase chorando, e disse: "P.... eu não me incomodo. Mas VELHAS?!
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