Ouvi o comentário de um ex-cunhado a respeito duma pessoa dando uma definição, que eu, conhecendo o casamento que aquela pessoa teve, não pude deixar de achar sucinta e perfeita:
"- Era um autista, vivia num mundinho dele."
Achei muita graça, mas tudo que serve para os outros pode servir para mim também.
Voltei ontem de viagem e embora tenha dado e tido umas poucas notícias, passei quase que o dia inteiro num mundinho só meu. E ainda estou ambicionando um ou dois dias que eu possa me dedicar exclusivamente a coisas do meu mundinho e só olhando aquilo que está dentro de mim.
Isso é impossível num casamento ou num relacionamento que preste.
Pessoas chegam num ponto aonde vêem no fato de estar sozinhos algumas conveniências e passam a ser muito mais seletivos quanto ao uso do seu tempo e muito ciosos de sua liberdade de ir e vir, na hora que assim o desejam. E assim veem motivos para que não seja tão ruim ficarem sós. Talvez exista uma atitude Pollyana nisso, porque as pessoas não querem ficar sozinhas, elas querem relacionamentos perfeitos e relacionamentos perfeitos não existem. A perfeição estaria em que tudo acontecesse de acordo com os seus anseios não levando em conta o que outro deseja.
Também existem os casos que o que queremos é ficar longe de confusão e quando a probabilidade é grande eu sou o primeiro a defender o cair fora. Eu mesmo não quero isso para mim.
Recebi uma piada que contava duma amiga que encontrava a outra triste porque não tinha um namorado e a consolava dizendo que não se preocupasse, porque algum momento chegaria o príncipe dela montado em um cavalo branco, ao que ela respondeu:
- Que príncipe, que nada, amiga, se passasse o Shrek com o burro, eu montava.
As vezes as pessoas estão dispostas a qualquer coisa para não ficarem sozinhas.
Eu não.
Vi um filme francês que tinha o título "Os Emotivos Anônimos", e aqui no Brasil ficou como "Românticos Anônimos" onde os dois personagens tem medo e por isso evitam relacionamentos. Também ficam com manias e isso pode ser a porta para a loucura. Tem que haver um meio termo.
Ouvi e já coloquei aqui que relacionamentos, sejam quais forem, dão trabalho e, para algumas coisas e para algumas pessoas não estamos dispostos a ter esse trabalho e de outras coisas nós não estamos dispostos a abrir mão. Me vem a cabeça Simone cantando "Condenados", que diz num trecho:
" E somos um,
e nessa fase do amor em que se é um,
é que perdemos a metade cada um."
Não queremos perder nossas metades, mas se não estivermos dispostos a viver também no mundo dos outros, podemos estar nos condenando a viver apenas no nosso mundo particular.
Autistas, por opção.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
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