Toda vez que eu falava bem dela mas também contava que eu não queria conversa com ela quando a encontrava as pessoas viam nisso um sentimento. Eu não estava indiferente. E eles diziam que ainda existia alguma coisa. Estava zangado por ela me ter feito ver que não existia mais a vida como eu achava que era.
Tivemos um bom casamento. É claro que houveram brigas mas com o tempo e muita paixão aprendemos a conviver bem um com o outro. Só que depois de vinte e cinco anos, eu ainda mantinha uma ideia muito romântica a respeito de como devia ser nossa relação e não consegui mudar isso. Quando me dei conta de que não ia ser igual eu não quis mais mesmo que isso me deixasse muito triste. Posso suportar qualquer coisa, desde que eu mesmo não a sinta aquela como uma desconsideração importante.
Não é possível sentir diferente depois de começar a sentir assim.
Tinha que haver muito mais do que houve para me convencer do contrário.
Quando me separei me vi sem uma casa que fosse minha e sem todo entorno e além da filha em comum, os outros filhos que ajudei a criar, deixaram de ser qualquer coisa minha, porque a família era dela e tinham um pai também. Minha filha também tinha vida própria. Aprendi a viver sem isso e sem me agarrar a nenhuma tábua de salvação.
Já me senti muito sozinho e sem rumo. Depois aprendi a viver sozinho e a viver sem rumo e a não deixar que isso fosse tão ruim. Talvez até fosse ruim, mas aprendi a colocar as minhas esperanças em mim mesmo.
Quando veio a sensação de não pertencer a nada comecei a me sentir feliz com situações que não me pertenciam, mas onde eu podia estar para pelo menos ser feliz por um pouquinho.
Tudo que eu entendia como certo passou a ser duvidoso. A vida deixou de ser como eu a entendia e fazia sentido. Mesmo que eu não admitisse o tempo todo, foi confuso, demorado, mas por fim eu sobrevivi. Realmente existem sentimentos que você não percebe mas carrega de um lugar para o outro.
Nunca fiz da vida algo ruim. Gosto do que vivo e tenho procurado cada vez mais fazer apenas o que faz sentido para mim. Exatamente por isso chegou a hora de uma mudança e comecei a falar de possibilidades. Se não foi antes, por mais que eu quisesse, era porque eu não estava pronto.
Olho para mim mesmo e gosto da pessoa na qual me tornei. Quero mudanças mas na verdade tem sido muito lenta essa caminhada para tornar real aquilo que eu apenas penso que sou e cuidar de todas as coisas que ficam pelo meio do caminho. Até debito isso a uma certa falta de motivos para a ação (motivação), mas estou querendo conscientemente escolher para onde estou indo e ver motivos para isso.
Estou pronto para uma vida tão cheia de sentido como eu achava que a minha vida era.
Não estou mais zangado de ter perdido aquela.
Estou pronto para uma vida tão cheia de sentido como eu achava que a minha vida era.
Não estou mais zangado de ter perdido aquela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário