Algumas coincidências vão além de ser apenas isso.
Uma vez que fui, sem conseguir avisar, ver meus "outros
pais" no sítio e não os encontrei porque eles estavam no Rio e meu
"irmão" estava morando numa casa alugada na cidade e acabei passando lá para fazer uma visita rápida e
voltar para estrada, mas acabei aceitando um convite para dormir lá.
Na madrugada o telefone tocou dando notícia de um acidente
sofrido por "nossa irmã" que havia saído de volta do fim de semana um
pouco mais cedo, na Rio Petrópolis, já na baixada fluminense e descemos para tomar as
providências necessárias. O acidente deixou um saldo de três mortos
no carro dela, entre eles o marido e ela se machucou seriamente.
Eu morava em São Paulo e se tivesse conseguido falar com
"meus outros pais"
provavelmente teria ido visitá-los no apartamento no Rio e teria pego a
estrada de volta para casa, e saberia do acontecido depois, mas não era
para ser assim.
Não vejo como coincidência.
Era para eu estar presente naquele momento e fazer o que
cabia a mim como "membro" da família.
Poucos meses antes da "minha sobrinha" decidir que
esse mundo não era mais para ela foi quando caminhamos e tivemos pela primeira vez uma conversa de horas. Com isso ela escreveu um texto com o nome de "Caminhadas", completamente fora do tema do blog dela e que por esse motivo, depois
ela tirou, mas ainda está com esse comecinho, que não some, na minha lista de leitura, talvez para me lembrar daquela conversa onde eu assumia e ela me aceitava no papel de "tio", com vontade de ouvir o que ela falava e ela de ouvir o que eu tinha para dizer sobre as coisas dela:
"São dias assim, os dias em que por algum motivo se sai cedo
do colégio e se senta pra tomar café da manhã com sua avó e parte da
família.
São dias assim, em que se sai pra passear sem rumo certo com um tio com
nome de elemento químico e que na verdade não é parente.
São dias assim em que
se pára para conversar com uma pessoa nova que tem muito a dizer e você tem
tempo e vontade escutar e "
Essa conversa nos aproximou para além das brincadeiras e das piadas de sempre, para depois fazer, poucos meses adiante, sua morte me doer mais ainda.
Não foi sem motivo...
Até uns dias atrás ainda não havia resolvido o que fazer no carnaval e sabendo que ela vai estar sózinha vou ali ficar com minha "outra mãe". Vou procurar fazer algo divertido também, mas procurar fazer que ela, viúva recente, depois de uma doença trabalhosa, esteja acompanhada e saia de casa para fazer coisas fora da rotina.
Foi uma família escolhida, fora a minha, de sangue.
Escolhi ser filho. Vou ali, fazer esse papel.
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