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sábado, 15 de janeiro de 2011

SÃO JOSÉ DO VALE DO RIO PRETO E A FAMA DEPOIS DA ENCHENTE


O Brasil inteiro tem ouvido falar de São José nesses últimos dias. Para muitos, essa é a primeira vez que isto está acontecendo

São José fica a 137 quilômetros do Rio e o caminho pode ser feito por Petrópolis  ou por Teresópolis.
Foi mais conhecida no passado do que é hoje.
São José nasceu de fazendas de café.

Em maio de 1886 foi inaugurada a ligação por trem entre Petrópolis e Areal e em novembro o prolongamento até São José. Era parte da Estrada de Ferro Grão Pará que em 1900 foi vendida para a Estrada de Ferro Leopoldina da qual passou a fazer parte.
A intenção na época era fazer através de São José a ligação com Além Paraíba, sendo o plano subir a linha do trem pela margem esquerda do rio Preto até onde hoje está Providência. O fato é que um paredão de pedra maciça foi encontrado nesse caminho, no lugar conhecido como Serra do Sossego e não se sabe se foi isso ou razões políticas que fizeram com que essa ligação ferroviária se desse através de Três Rios. São José deixava ali a importância que poderia ter como passagem, para ficar um pouco como ponto final.

O trem nunca cruzou o rio Preto em São José. A Ponte Preta foi feita com essa intenção, mas nunca foi usada para isso. A locomotiva girava em frente à Ponte Preta e voltava por onde havia vindo. Na foto antiga se consegue ver a Ponte Preta e o girador.
Em 1940 o governo do Estado resolveu fazer uma barragem no Rio Preto para produzir energia elétrica para a região e o lago criado acabou inundando trechos da estrada de ferro. Em 1947 o ramal de São José foi desativado.
A informação mais completa pode ser encontrada em texto de Ralph Menucci Giesbrecht.

Quando comecei a ir para São José para fins de semana, tinhamos uma fazenda que se chama Dirindi, cuja paisagem foi a inspiração para  Tom Jobim fazer a música Dindi, que é uma abreviação de Dirindi feita por ele. No blog tem um outro texto - Dindi - Dirindi - Tom Jobim.
São José foi berço de outras canções de Tom, que ia para lá nos fins de semana e tinha estórias saborosas como por exemplo, ir de pijamas para um bar que fica atrás da igreja tomar cerveja Bohemia no tempo que era feita apenas com água de Petrópolis. Era especial a Bohemia daquele tempo.
Li hoje que a casa mais antiga na propriedade de Tom Jobim também foi destruída pelas águas.

Íamos com amigos, assim como muitas outras pessoas do Rio que tinham propriedades para lazer. Não tínhamos a explicação para isso mas São José tinha uma alta concentração de meninas bonitas. E muitos eram parentes.

Na década de 1970 houve um tempo que era o maior produtor de ovos da América Latina, mas quando isso passou  ficou o que parece ser uma mal explorada vocação para turismo e mais forte para agricultura de frutas.

Você se apega a pessoas e a lugares. Tenho boas lembranças de São José e tenho lá muitas pessoas de quem gosto, mas não tenho ido lá frequentemente. Estive lá por dois dias neste último dezembro e agora me surpreendem as notícias em rede nacional da devastação que as águas causaram, ouvindo até da destruição da Ponte Preta, um dos ícones da cidade.

O salvamento dramático de dona Ilair Pereira de Souza, de 53 anos, sendo içada numa corda por vizinhos por três andares até alcançar o alto do prédio vizinho foi repetida várias vezes na TV, inclusive na CNN.

Estou aqui pensando com carinho em São José.
Vendo que é importante que as pessoas tenham força e disposição para reconstruir suas vidas de forma mais segura e que a ajuda necessária para isso continue vindo mesmo depois que a imagem de Dona Ilair fique menos presente para as pessoas que não tem nenhum laço com São José.

1 Comentário
Bonito texto! Também tenho fortes ligações com São José e uma casinha na beira do Rio Preto em Poço Fundo, que, imagino, foi destruída pelas águas assassinas deste janeiro. Até o momento não consegui saber o que aconteceu com a casa e, o que é pior, com os amigos que moram por lá. Voltarei a seu blog para ler com calma os outros posts. Abraços, Jamil Damous

Um comentário:

  1. Bonito texto! Também tenho fortes ligações com São José e uma casinha na beira do Rio Preto em Poço Fundo, que, imagino, foi destruída pelas águas assassinas deste janeiro. Até o momento não consegui saber o que aconteceu com a casa e, o que é pior, com os amigos que moram por lá. Voltarei a seu blog para ler com calma os outros posts. Abraços, Jamil Damous

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