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sexta-feira, 14 de maio de 2021

UM CIÚME QUE NUNCA ME PASSOU PELA CABEÇA

 


Aos dezessete tive um namoro que durou até eu fazer  dezoito. Não sei quando, comecei a chamar os pais dela de pai e mãe e assim continuei chamando até o fim da vida dos dois, ela, por último no ano passado.

Mesmo depois morando em outro estado e depois casado sempre mantive contato e os visitava. Ele me contou um dia que minha ex-mulher disse que quando eu estava triste eu precisava visitá-los e quando voltava estava bem.

Tínhamos, ele e eu, diálogos sem fim e numa dessas vezes ele me disse que gostaria muito de ter esse tipo de conversa que tínhamos, com o filho.  

Ontem tive uma conversa super longa com a filha mais nova deles e ela fez uma afirmação com a qual eu nunca tive a menor preocupação, mas quem sabe devesse ter tido. Disse que a mãe dizia me adorava e que ela nunca teve ciúmes disso. Foi interessante isso porque eu nunca havia pensado no assunto. Com essa colocação dela fiquei pensando se deveria ter tido algum cuidado com isso.

Eu não era filho de verdade. Eu era um agregado, um avulso que achava que a família emprestada deles me servia muito como exemplo e eu que tive um pai que morreu quando eu tinha 20 anos e uma mãe que precisávamos, extremamente prática mas pouco amorosa, tive deles muito daquilo que eu vim a entender como família.

E acho que foram boas lições. Me serviram para fazer de mim um pouco do que sou hoje.

Desfrutamos eles e eu dessa amizade que durou toda uma vida. Gostávamos de estar juntos. Só me deu um arrependimento de, mesmo com a justificativa das dificuldades que pela distância física, que depois ficou maior ainda, não ter dado mais atenção a ela nesses últimos anos. Mas, nesse mesmo sentido, o que eu fiz antes ficou lá. Para sempre.

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