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domingo, 11 de março de 2012

SER EDUCADO OU SER FELIZ

(Um texto que ficou em rascunho de quando eu morava em São Paulo.)

Hoje eu tinha uma festa numa cidade próxima, aniversário de um amigo do grupo que tenho frequentado. Começava no almoço, e tinha combinado que iria sózinho, já que meu hóspede disse que não queria ir, mas havia me deixado livre para ir. Acabei não indo porque me senti obrigado a ficar com meu amigo e fazer um programão de índio, já que ele disse algum momento desta manhã que ainda não tínhamos ido ao teatro ou coisa assim.


Ele chegou na quarta, fui buscá-lo, fomos almoçar e ficamos conversando desde uma da tarde hora até as nove da noite. Conversando significa ele falando e eu ouvindo quase que o tempo todo. Quinta eu trabalhei mas estive com ele no meio do dia e fui deixá-lo no metrô e sexta passei parte da manhã ao telefone comprando ingressos para ele, para coisas que eu não queria ver, até porque já havia escolhido o que ia fazer no fim de semana, e almoçamos aqui perto.


Mas lá fomos, 25 de Março e depois ele queria ir a Praça Benedito Calixto e almoçar lá onde sugeri o Consulado Mineiro, pensando no Capim Santo.


Depois de três horas na região da 25, e não é a primeira vez que faço isso com ele, fomos para Pinheiros e no caminho sugeri até outro restaurante, mas ele queria ir a Benedito Calixto, então fomos e quando chegamos chovia. No Consulado Mineiro muita gente e ele já queria desistir na porta, mas como teríamos preferencia para ter uma mesa, ficamos por um tempo esperando e ele não quis ir andar na feirinha da praça, que tinha uma cobertura plástica entre as barracas para evitar a chuva, até ele sugerir que fôssemos embora. Fomos, mas não antes que ele desse um pequeno esfrega na funcionária do restaurante por não ter arranjado logo a mesa.


Não gosto dessas coisas.

Me incomodam. Deixei ele lá falando e fui esperar lá fora.
Acho que você pode dizer tudo que precisa dizer, sem subir o tom. E detesto barracos, mesmo que sejam barraquinhos, principalmente quando não há necessidade deles. Ano passado uma moça andou me escrevendo umas coisas, sem que houvesse nada entre nós e uma das coisas que ela escreveu é que também sentia falta dos banzés que não haviam acontecido.
Ela não tem idéia como aquilo me assustou, mais do que qualquer outra coisa. Não gosto de banzés, odeio confusão e gosto mesmo é das boazinhas

No meu casamento cheguei ao ponto onde preferia as conversas que pudessem chegar a algum lugar e procurava evitar discussões desnecessárias. E saía de perto quando ouvia algo que não ia levar a nada de bom. Não sei se ela também sentia falta dos banzés, mas eu não sinto e não quero.


Já fui explosivo, muito diferente do que sou hoje. Acho que foi uma evolução. Sem deixar de me colocar, acho que consigo mais com suavidade. Ainda posso perder o controle, mas isso é cada vez mais raro. E me incomodo se me lembro de algum episódio onde me faltou elegância.


Acho que não consegui esconder o incômodo e além de estar ficando tarde aquilo me esgotou tanto que acabei desistindo da festa que implicava também em hora e meia de carro. Quando meu amigo percebeu que eu não tinha ido veio conversar e já que provocou o assunto acabei falando sobre o que ontem havia pensado, mas não falado.


Normalmente o que aconteceria seria eu ficar calado, segurar a onda e exercitar a paciência e pensando que não é frequente ele estar aqui. Nunca teria falado nada, mas achei ótima a conversa porque pude me colocar calmamente e falar de tudo que me incomodou. Da última vez que veio havia feito apenas um rápido comentário a respeito do cansaço com a filhotinha. Talvez duma próxima eu não precise sentir esse cansaço e faça apenas o que não me incomode tanto.


A única coisa que não teve conserto é que eu teria ficado contente de ter ido ficar com os outros amigos. Eles estavam dizendo agorinha que estavam sentindo minha falta.

A educação falou mais alto, mas eu devia ter dado mais atenção à felicidade.

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