De um tempo para cá, me tornei um leitor aplicado: Leio, sublinho, quando o livro é meu, e ainda passo para o computador os trechos que gostei mais, e aqui vai parte das minhas anotações. É missão quase impossível achar este livro.
O prefácio fantástico, também já é bem revelador.
A YOGA DA DISCIPLINA
O ponto crucial da mensagem de Gurumayi é: escolhemos o que nossos olhos vão ver, o que nossos ouvidos vão ouvir, o que nossas papilas gustativas vão provar e assim por diante.
Esse ato de escolher, de discernimento consciente, realizado todos os dias e nas situações mais corriqueiras, é na verdade uma oportunidade preciosa para o aprofundamento da experiência de nós mesmos.
O desafio, portanto, é controlar os sentidos, para que ao invés de se intrometerem na serenidade da mente, eles a aprofundem.
Nosso estado interno influencia profundamente nossa percepção do mundo.
Áreas do cérebro que processam a informação sensorial são fortemente conectadas com regiões onde avaliamos, quer consciente ou inconscientemente, o significado emocional dos eventos em nossa vida.
Dados esses esclarecimentos, podemos começar a compreender como nosso estado mental pode deturpar nossa experiência de vida.
Investigações no sistema visual indicam que certas células no córtex cerebral literalmente adicionam ou subtraem informações daquilo que os olhos vêem, dependendo de tendências internas impostas pelo observador.
Toda ação que realizamos cria uma oportunidade para que essa purificação aconteça. Para tirarmos proveito dessas oportunidades, precisamos simplesmente parar um momento antes de agir e perguntar: “Qual é o meu objetivo?”
Antes de comer qualquer coisa, perguntar:
“Porque estou comendo? “É apenas para satisfazer um desejo ou para nutrir meu corpo da melhor forma possível?”
Antes de participar de conversas inúteis, perguntar:
“É isto realmente que desejo que meus ouvidos ouçam?
Antes de assistir a um filme violento, perguntar:
É isto que eu quero que meus olhos vejam?
A chave para alcançar essa experiência está na aptidão da mente humana – nossa habilidade de focar a atenção no interior, disciplinar a atividade de nossos sentidos e discernir entre o que é meramente prazeroso e o que é benéfico.
Se você perseverar na yoga da disciplina, cedo ou tarde os sentidos irão percebê-lo. Eles irão dizer: “Opa! Há um chefe aqui.”
A palavra disciplina em yoga, na verdade significa purificação. A yoga começa com a vigilante disciplina dos próprios impulsos
A mente é a sede da vontade. Ela governa o corpo. Assim ao controlar a governadora, por assim dizer, e treiná-la devidamente, todas as coisas se tornam possíveis.
Sempre que você se concentra em alguma coisa, é uma forma de meditação. Assim, a meditação já é parte natural da sua vida.
Suportar invariavelmente tudo que acontece, nunca desmoronando. Você nunca deve permitir desmoronar, porque quando o faz, isso se torna uma tendência que se repete mais e mais vezes.
A palavra disciplina é associada na mente da maioria das pessoas com fazer alguma coisa errada.
Disciplina e punição tornaram-se sinônimos para a maioria das pessoas. A idéia de disciplina é algo a temer , algo do que procuramos escapar.
Quando as pessoas tem esse medo, ao invés de melhorar, se rebelam. Ao invés de querer obedecer os princípios da disciplina, desenvolvem uma aversão a idéia. Ao invés de enxergar esperança no caminho da disciplina, visualizam dor e tormento.
O fruto da disciplina é a total liberdade.
A sedução dos sentidos é enorme.
É muito importante que você ensine a seus olhos o que ver e quando ver.
Os olhos são muito poderosos. Você pode não estar com fome, mas vê alguma comida e imediatamente seus olhos dizem: “Aquilo parece tão bom. Está na hora de comer!” Ou você não está se sentindo nem um pouco sensual. Está se sentindo ótimo – não está nem mesmo se sentindo sozinho. Mas então um homem ou uma mulher muito bonita passa – os seus olhos caem sobre aquela pessoa e você pensa: “Uau ! “ Ora, você não fez coisa alguma! Seus olhos apenas caíram inocentemente naquele objeto móvel.
Com estes olhos, você pode criar novos mundos, como aqueles criados pela visão das grandes almas. Com estes olhos você pode intimidar outra pessoa. Estes olhos podem fazer alguém se sentir horrível, mesmo se estava se sentindo bem, antes que você a olhasse. Os olhos comunicam tanto.
Olhe para os cães, por exemplo. Eles não podem falar, não podem vir abraçá-lo. A única coisa que podem fazer é usar os olhos – e seus olhos fazem tudo.
Quando você tenta castigá-los por não terem se comportado direito, eles olham para você como se no mundo inteiro não houvesse um idiota como você. Apenas com os olhos, eles o fazem sentir como um minúsculo verme. Mas no momento seguinte, olham para você como se você fosse a razão de suas vidas. Sem você, o mundo não existiria.
Eles vêm e sentam a seus pés e fazem você sentir que tem tudo. Só por ter esse cachorro, você tem tudo.
A disciplina em ver é essencial. Tudo o que você vê não é o que você pensa que é. Você pode estar tão enamorado da própria percepção que ela se torna a causa da sua queda. Não é isso que acontece com as pessoas que se apaixonam?
Ouvir é uma grande arte. Por um lado, você tem que se manter presente para escutar; por outro, tem que ter muito discernimento para proteger-se e não se exaurir. Quanto deve escutar, afinal de contas?
O mundo está cheio de opiniões. Algumas são úteis e outras completamente inúteis.
Algumas são valiosas e outras condescendentes. Algumas são inspiradoras e algumas, destrutivas. Algumas levarão você ao céu e outras, ao inferno. Assim, a tarefa que o aguarda não é simples.
A disciplina é o que lhe dá o poder para alcançar seus objetivos.
De todas as coisas, os maus hábitos alimentares são usualmente os últimos a serem abandonados, os mais difíceis de renunciar. Você pode abandonar outros maus hábitos completamente, mas comer é algo que faz todo dia. Você está exposto à tentação o tempo todo, assim não pode simplesmente renunciar ao ato de comer – você precisa vencer os maus hábitos alimentares.
Coma com moderação e reverência. A comida vai se tornar divina para você.
Antes de tudo, é necessária grande concentração para descobrir o que você realmente pensa. Esta é a questão básica. Freqüentemente você nem mesmo sabe o que há em sua mente.
Antes de falar, você deve selecionar entre tudo que a mente coletou para chegar ao que é realmente significativo. Em segundo lugar, é necessária uma grande contemplação para discernir entre o que deve ser dito e o que é melhor não dizer.
Se você não é disciplinado no falar, isso também aumenta a distância entre seu coração e suas palavras.
Cantar é uma forma de silêncio. A prece é uma forma de silêncio. A repetição do mantra é uma forma de silêncio. E se você falar apenas quando necessário, isso também é uma forma de silêncio.
Renunciar a alguma coisa não é fácil. Tampouco você deve renunciar a algo sem examiná-lo. A renúncia é muito boa. Abrir mão de algo é muito bom, mas você não deve fazê-lo a menos que o tenha realmente compreendido. De outra forma é inútil, e você fará a mesma coisa muitas e muitas vezes. Por isso é que se deve contemplar antes de abandonar qualquer coisa – mesmo que pareça uma questão menor.
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