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domingo, 8 de julho de 2012

ASSOMBRANDO JÚLIA - O ESPELHO DA NEFELIBATA

Fui assistir ontem Assombrando Julia, de Alan Ayckbourn, que trata do suicídio de Júlia, uma menina prodígio em música que se suicida aos dezenove anos, sem que as pessoas em torno dela pudessem perceber o que estava para acontecer.

Quando li a sinopse tive as minhas dúvidas se realmente ia querer ver, porque iria me fazer pensar novamente no suicídio da minha sobrinha aos dezessete anos, com as semelhanças do brilhantismo da Júlia de Ayckbourn e da tentativa que todos fizemos de entender o motivo e de nos perguntar o que mais poderíamos ter ter feito para que aquilo não acontecesse.

Ela morava numa cidade pequena para a cabeça que ela tinha. Ela era muito maior que aquilo, mas isso não foi nenhum impedimento para que ela tivesse o mundo inteiro dentro dela e demonstrasse um talento enorme para escrever inclusive escrevendo estórias em dois blogs que captaram muitos leitores, sem que ela tivesse feito qualquer esforço para que isso acontecesse e que desde sua morte não foram mais atualizados em relação aos comentários.

Hoje lemos seu último blog nas entrelinhas e vi o espelho dessa situação em Assombrando Júlia e aprendi também a respeito disso outro dia desses ouvindo um podcast do Plínio de Souza onde ele falava das intenções positivas por trás de uma atitude aparentemente negativa, inclusive do suicídio.

Na última vez em que estivemos juntos fizemos uma longa caminhada conversando e além de lermos o blog um do outro, onde eu por algumas vezes fiz comentários para estimulá-la, uma semana antes dela se suicidar nos comunicamos por email onde não havia nenhuma pista do que poderia vir a acontecer.
Se tiver vontade vá ler Registros da Nefelibata, e O Menino que esquecia o Passado.

Eu também me perguntei o que mais poderia ter feito e não achei uma resposta.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

LOUCOS PELOS FILHOS

Ana disse para sua filha Cecilia, que três e meia da manhã não era hora de brincar. Imagino o que deve ser isso. Eles morrendo de sono e a pequenininha acordada com a corda toda, querendo companhia.  

Perguntei a ela: Why not? E ela perguntou se eu queria ir brincar com a Cecilia naquele horário.
Até queria mas eles estão muito longe daqui.
Esse facebook me faz dar umas boas risadas.

A filhotinha quando era pequenininha ficava sem os irmãos a cada quinze dias e ela tinha uma independência fora do comum. Acordava, ficava brincando sozinha, totalmente entretida. Aliás ela mostrava essa independência desde bebê, quando queria acender o fogão e preparar sua mamadeira ou quando depois de uma conversa sobre mamadeira e chupetas ela foi na mesma hora até a lata de lixo e jogou fora a mamadeira e as chupetas.

De uma outra vez numa longa viagem apenas comigo com menos de dois anos, na casa da tia Vera, em Vitória, ela anunciou que não queria mais usar fraldas. E eu disse a ela que tudo bem, mas assim que ela dormiu coloquei a fralda que amanheceu sequinha no dia seguinte. Foi a última fralda que ela usou. Eu havia levado uma imensa caixa da Johnson que voltou de presente para os primos.

Somos loucos por nossos filhos e nos incomodamos muito quando alguém não demonstra o mesmo cuidado com suas crias. Comecei a pensar nisso tudo porque fui almoçar na Etna e depois tomei um café sem pressa lá mesmo e havia um bebê chorando muito e aquilo estava me incomodando muito porque o casal não dava nenhuma atenção. Eu estava quase perguntando se eu podia pegar no colo. A mãe raramente dava uma olhada como se estivesse olhando qualquer outra coisa que não um bebê.  Quando finalmente o pai pegou ela se acalmou e ficou um tempo de costas para ele, quietinha, olhando para mim e esboçando um sorriso.

Era uma linda bebezinha negra. Os pais brancos.
Não pareciam querer atender às necessidades dela enquanto não fosse conveniente para eles. Me incomodou. Pensei na Ana e no Jordan as três e meia da manhã com a Cecília acordadíssima e eles nem tanto, mas tentando fazer alguma coisa e achando a graça da coisa no decorrer do dia.
Esses, na minha opinião, são melhores pais.