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terça-feira, 14 de julho de 2020

DESAPEGAR




Depois que me separei acredito que tenha assustado minha filha na primeira vez que mandei um email para ela onde eu dava noção de tudo da minha vida que ela precisaria saber caso acontecesse qualquer coisa comigo.

Ela se assustou porque podia ser que eu estivesse dizendo que eu estava me preparando para a morte e o que é pior: que eu soubesse que estava para acontecer.
Não era nada isso.
É que alguém de confiança precisa saber da vida e dos negócios de quem mora sozinho e ninguém melhor que uma filha. Agora, depois de muitos anos da primeira vez que aconteceu isso ela já sabe que de vez em quando vai acontecer novamente.

Durante a vida vim acumulando coisas e papéis. Alguns são importantes, outros tem uma importância apenas relativa. São importantes para mim e depois que eu morrer vão perder a importância. Guardei muita coisa que demonstra meu apego por algumas pessoas e minha trajetória de vida. 

Algumas resistiram até hoje, mas hoje dispondo de tempo e organizando outras coisas, chegou mais uma vez a hora de examinar tudo com os olhos de quem quer guardar apenas o que ainda faz sentido e que, quando eu morrer, minha filha dê uma olhadinha antes de jogar fora.

Fora isso, as estórias que eu queria contar vão ficando por aqui. Vou lembrando das antigas e as novas vão acontecendo. Isso é o que vale a pena.

Em Bonito MS vi um memorial de um ex prefeito e sua falecida esposa cheio de coisas sem a menor importância para os visitantes e que talvez, e apenas talvez, tenham para  alguma importância para algumas pessoas da família deles.

Deus, me livre dessa vaidade.

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