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sexta-feira, 27 de julho de 2012

ESTÓRIAS DO TIO CANDINHO 4 - O JEGUE ATROPELADO


Adalberto, nosso primo, é filho de nossa prima Yvone e de José Clementino havia ido com uma pick-up F-75 ao interior e naquela viagem acabou por atropelar um jumento, deixando o animal vivo, mas machucado e a notícia chegou a Remanso, na Bahia onde eles e tio Candinho moravam.

José Clementino era muito nervoso e não reagia muito bem a nenhuma situação de estresse. O resultado é que Yvone fazia tudo para evitar qualquer situação que o aborrecesse. Quando aquilo veio aos ouvidos de tio Candinho, sabendo que José Clementino tinha ido naquele dia para Salvador e que iria demorar uns três dias para voltar ele viu ali uma ótima oportunidade para divertimento às custas dela. Arranjou um pedaço de papel de embrulhar pão, lambuzou com um pouco de manteiga e escreveu uma carta para José Clementino, que sabia que ia ser lida por Yvone, como se fosse o dono do jumento atropelado. Colocou  a carta num envelope e amarrou com um barbante. Arranjou um menininho com um chapeúzinho de palha e mandou entregar na casa de José Clementino.

Para desfrutar da coisa desde o começo, deixou passar uns cinco minutos e apareceu na casa de Yvone com a desculpa de que queria um alicate emprestado. E para não rir quando Yvone fazia os comentários primeiro de pena, depois da exploração quando viu o monte de zeros, virava a carta para o outro lado para chegar mais perto da luz.

 Dizia a carta entregue à Yvone:

Taboa, 3 de março de 1970
Seu José Clementino


adeus
saudação


Sábado da sumana passada passando um rapaz que diz que é  fió seu pegou um jumento meu. 
O mesmo está passando muito mau (sic) com o encontro das alcatra muito inchado. 
Mais nóis só tem esse bichinho e é pra apanha dágua pra desmancha da farinha.
Nóis tem pelejado muito cum remédio de raiz de pau mas o bichinho não melhorou nada.
Istro dia o cumpadi Melquiade enjeitou pelo dele 6000000000 (um monte de zeros, que só eram para significar um número grande) e nem era famoso como o meu.
Se nois arranjar um passo (passe) num caminhão nóis vai levar ele aí pra vosmicês dar uns remédio de farmácia.
Nois é agregado de seu Agraro


seu criado


Antonio Pereira

A  brincadeira durou uns dois dias até a véspera da volta de José Clementino, porque Tio Candinho tomou as providências de avisar na casa de seu Agrário, para que confirmassem que tinham um agregado de nome Antonio Pereira, de avisar seu Ramos que entendia muito de animais e a quem Yvone iria procurar no dia seguinte para que ele arranjasse um jumento tão famoso quanto aquele para repor o jegue atropelado.



A única pessoa que ele esqueceu de avisar, Yvone se encarregou. Ela foi até a agência do misto (Isso era uma mistura de Caminhão e ônibus que circulava pelo interior de alguns estados, inclusive na Bahia, onde se passou o fato) e pediu para avisar ao motorista que se houvesse alguém querendo colocar no misto um jumento machucado para trazer para Remanso, que avisasse que não precisava não que ela já estava providenciando um tão famoso quanto aquele para mandar para ele.

A brincadeira só terminou na véspera da volta de José Clementino, quando Yvone ainda rezava para que o problema fosse resolvido antes da chegada dele.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

ESTÓRIAS DO TIO CANDINHO 3 - ISAMAR NÃO VOLTA

Isamar era quase que da família e também foi quase que uma outra mãe para meus primos. Ela era do Bem Bom, um povoado próximo,  estudava e passava o tempo de escola com meus tios e nas férias ia ficar com seus pais. No dia previsto para ela voltar ela, o ônibus veio, mas ela não.

Minha tia Luciola preocupada telefonou e comentou o fato com tio Candinho, que viu ali uma ótima oportunidade para lhe pregar uma peça. A irmã dele, Tia Cleó tinha vindo visitar minha avó e antes de ir embora passou pela loja onde estava tio Candinho, que lhe pediu para para ser sua cúmplice, escrevendo uma carta para minha tia, como se fosse do pai da Isamar,dizendo básicamente que Isamar não voltaria para estudar em Remanso, o que foi feito ali mesmo, com as instruções dele.

Na carta "o pai" dizia que Isamar não iria voltar para estudar porque havia chegado na cidade deles uma sobrinha do Dr. Adolfo, que era boa professora então que ela estudaria por lá mesmo no Bem Bom.  Que não pensasse que era por nada não, e por aí a coisa ia.

Ele mandou entregar a carta para minha tia na casa dele e logo em seguida já chegou meu primo Carlos Amâncio chorando na loja por conta da novidade. Tio Candinho acalmou ele, contando a verdade, enquanto minha tia ligava para contar da carta recebida para minha avó. Minha avó que gostava muito de uma brincadeira, conhecendo bem o filho dela, teve pena e logo perguntou à nora:
- Minha filha, isso não é coisa do teu marido?
Mas Luciola tinha certeza que não e sofreu o dia inteiro com aquilo e quando soube se sentiu como uma patinha. Resolveu que deveria haver algo para mostrar que ele também era capaz de cair num trote e buscou a oportunidade.

Tio Candinho havia comprado uma propriedade de um amigo chamado Pedro Leobino. Essa propriedade veio a ser inundada pelo lago formado pela represa de Sobradinho e essa inundação gerou uma indenização paga pela CHESF ao atual proprietário, que era ele. Ali estava a chance para a peça.

Ela escreveu uma carta para tio Candinho como se fosse o Pedro Leobino, dizendo que correu a notícia que ele fora bem indenizado e que tendo isso em vista ele tinha chegado à conclusão que havia vendido o sitiozinho muito barato. Tio Candinho recebeu a carta e acreditou que o remetente havia sido o Pedro e passou o dia inteiro meio chateado com o assunto, de vez em quando voltando a ele, quando encontrava com quem conversar, inclusive minha tia que havia providenciado a entrega da carta na loja.

Terminado o dia ele foi tomar uma cerveja com alguém que trabalhava no banco que ficava em frente à loja e novamente comentou o assunto, tirando do bolso a carta para mostrar ao amigo, mas no momento que abriu a carta percebeu algo que não havia notado antes; a curvinha da letra "c". E na hora pensou: -Eu conheço esse "c"; reconhecendo a caligrafia da própria mulher e também que havia caído na brincadeira.

Mas, como ele mesmo diz, trote merece contra-trote e já arquitetou o que faria.

Chegou em casa e minha tia perguntou como havia sido o dia e ele disse:
- Sabe quem apareceu hoje na loja? E já respondeu: - Pedro Leobino.
Ela quis saber o que aconteceu e ele contou.
-Ele não falou nada. Só ficou sentado ali em frente à minha carteira, sem falar nada, só me olhando. (É, pra fazer graça ele fala da mesa dele como se estivesse na escola).
- E aí Candinho, o que é que você fez? Perguntou ela curiosa.
E ele:
- O que é que eu podia fazer? Peguei o talão de cheques e fiz um cheque e entreguei para ele.
Foi quando ela ficou desesperada com o resultado da brincadeira:
- Fui eu que escrevi a carta Candinho!!!  Fui eu!!!

Para algumas coisas, como pregar uma boa peça, é bom ter um profissional.
Ele é.
Ela não.

sábado, 29 de janeiro de 2011

ESTÓRIAS DO TIO CANDINHO 2 - COMPRANDO ÓCULOS SEM RECEITA

Para quem precisa da explicação, umbu é uma fruta menor que a metade de um limão, como esses aí de cima. E o que se conta abaixo é daquelas piadas que se conta como se fosse um caso verdadeiro.

Alguém trouxe para vender vários desses óculos de grau, que se vendem sem receita e a pessoa acabou escolhendo um que ela achava que aumentava bastante. Com os óculos novos no rosto foi ao mercado fazer compras e perguntou a um vendedor quanto custava o coco. E aí veio a resposta:

- Não é coco não. É umbu.

ESTÓRIAS DO TIO CANDINHO 1 - CARNE SEM SAL

A ocasião era de uma festa num clube e pediram um tira-gosto de carne.


Uma das pessoas que estava na mesa havia extraído dentes e não podia mastigar, então chupava e mascava os pedaços de carne como a um chiclete e colocava de volta no canto de um prato.
Era noite e não estava muito claro.

Uma outra pessoa chegou e sentou à mesma mesa.
Depois de um tempo fez um comentário:

- Essa carne está muito macia, mas está insossa.