Já faz anos da minha e se sou pródigo em elogios a minha ex-mulher é porque ela os merece todos, mas percebo hoje que uns poucos detalhes do entorno eu acabei replicando quando pude.
Meus sofás, quando pude comprar decentes, são Chesterfield e depois da separação eu fiz questão de comprar uma cafeteira Globinho, não porque eu gostasse de café como gosto hoje, mas porque tínhamos uma e pelo prazer que é ver um café sendo preparado nela. O fazíamos assim em casa muitas vezes.
O que chama a atenção a respeito do meu comportamento é que comprei há anos a Globinho, dessa vez num belo estojo de marchetaria e nunca usei.
Hoje uso uma Dolce Gusto pelo menos duas vezes por dia e ela é muito prática, mas nenhuma preparação de café é tão charmosa como a da Globinho.
Mas a coisa não fica por aí. Acho que é mais grave, rs.
De vez em quando descubro coisas, devo dizer que não são muitas, que também não usei e continuo, de vez em quando, fazendo um processo de limpeza e desapego.
Tive relações de trabalho com a Nike e com a Adidas e tive com isso facilidade para comprar com grandes descontos alguns itens. A maior parte deles usei, mas tem uns raros que não usei.
Tenho, por exemplo, um Adidas Springblade, no qual não senti tanto conforto ao usar e mesmo assim o mantive até agora, sem uso. Está na hora de experimentar uma última vez e se não me sentir confortável vai ser o momento de dar.
Também teve uma camiseta amarela da Adidas que era muito bonita, mas amarelo não é uma cor que eu use e essa acabei dando logo.
Este fim de semana fiz uma limpa e dei agora pela manhã uma série de camisas polo e camisetas, sendo que uma delas, muito florida, nunca usada foi comprada recentemente. Nesse processo percebi que tem outra cor que não uso nunca que é o vermelho e tenho pelo menos duas camisetas novinhas e mais uma camisa fina e de muito bom gosto que ganhei de presente de uma pessoa querida, e que não tive, pelo menos até hoje a coragem de passar adiante.
Ouvi esta semana um aúdio da BBC que achei muito interessante:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cnd9nglgn6yo
"Como a "ilusão do fim da história" afeta nossas escolhas sociais e profissionais".
Fala que somos capazes de identificar as transformações que transformaram você na pessoa que você é hoje, mas que não conseguimos imaginar transformações futuras em nossas características principais.
Deus me livre de não poder continuar me transformando.
Que em breve eu seja completamente capaz de usar ou me livrar de tudo que não uso.
Amém!
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