Ouço com atenção total aqueles a quem me disponho a ouvir.
Não é a qualquer um que estou disposto a escutar.
Tem gente na qual eu não estou interessado no que vai dizer então nem dou a chance de chegar perto e se estou perto me afasto.
Dou muito valor ao meu tempo.
As pessoas que tem vidas diferentes das nossas são interessantes porque tiveram experiências de vida completamente diferentes das nossas. Com isso acho que são enriquecedoras.
Mostram que o mundo está dentro da cabeça de cada um.
Conheço uma pessoa com quem eu nunca tive absolutamente nada, mas que um dia começou a contar da vida dela e nunca mais parou. Já a escutei muitas vezes,
Eu sei muito à respeito de tudo que aconteceu na vida dela. E é uma vida totalmente diferente da minha. Começa pela adoção, passa pelas drogas, segue pela prostituição e chegou no momento em que a vida se organizou como se fosse um prêmio e uma redenção.
Eu digo a ela que ela faz terapia comigo.
Eu procuro não me mostrar desconcertado, mas de vez em quando eu sou surpreendido com alguma revelação.
Ela teve um casamento e um primeiro filho há muitos anos e quando ela, que frequentou um colégio de freiras, era chamada à responsabilidade em relação aos deveres da maternidade ela me disse que muitas vezes teve vontade de matar o próprio filho, porque ele atrapalhava a vida dela.
Foi muito tempo depois de conhecê-la e muitas conversas onde ela me contou muitas coisas à respeito da vida dela até chegar no ponto que ela me contou isso e confesso que fiquei muito chocado com aquela confissão.
Não creio que fosse uma depressão pós-parto, quando isso acontece muitas vezes, com outras conotações.
Fiquei tão abismado com aquilo que senti a necessidade de falar daquilo com um amigo. Era a minha hora de desabafar a respeito do que tinha ouvido.
Foi quando chegou a hora desse amigo me surpreender também. E me contar que já tinha ouvido a mesma frase de uma outra pessoa.
Não consigo achar nada para falar a respeito disso.
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