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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

PARADO DIANTE DA PORTA




“Em muitas das tradições orais, a sabedoria é representada por um templo, com duas colunas na porta: estas duas colunas sempre tem nomes de coisas opostas entre si, mas para exemplificar o que quero dizer, chamaremos uma de Medo, outra de Desejo. Quando o homem está diante desta porta, ele olha para a coluna do Medo e pensa: “meu Deus, o que vou encontrar adiante?” Em seguida, olha para a coluna do Desejo e pensa: “Meu Deus, já estou tão acostumado com o que tenho, desejo continuar vivendo como sempre vivi”. E fica ali parado; isso chamamos de tédio.

- O tédio é...

- O movimento que cessa. Instintivamente, sabemos que está errado, e nos revoltamos. Nos queixamos com nossos maridos, esposas, filhos, vizinhos. Mas, por outro lado, sabemos que o tédio e a rotina são portos seguros.

- Uma pessoa pode passar a vida inteira nesta situação?
- Ela pode levar o empurrão da vida, mas resistir e continuar ali, sempre reclamando – e seu sofrimento foi inútil, não lhe ensinou nada.

“ Sim, uma pessoa pode continuar o resto dos seus dias diante de uma das muitas portas que deve ultrapassar, mas ela precisa entender que só viveu mesmo até aquele ponto. Pode continuar respirando, andando, dormindo, comendo - mas cada vez com menos prazer, porque já está morta espiritualmente e não sabe.

“Até que um dia, além da morte espiritual, aparece a morte física; neste momento, Deus perguntará: “o que voce fez com a sua vida?” Todos nós temos que responder esta pergunta, e ai de quem disser: “fiquei parado diante de uma porta”.

Extraido de uma coluna do Paulo Coelho do ano de 2000.

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