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quarta-feira, 24 de julho de 2024

QUANTA LENHA EU AINDA TENHO PARA QUEIMAR?

 


Minha felicidade nunca esteve em coisas materiais. Sempre fui feliz com o que eu tinha. Isso não quer dizer que eu não tenha tido prazer com algumas dessas coisas. Algumas delas me deram um enorme prazer a cada vez que eu usava.

Eu reconheço a beleza e a qualidade em muitas coisas. Acho bonitas, aprecio, mas nunca coloquei como algo a atingir. 

Uma vez que fui para Buenos Aires com um cliente importante e ele me colocou num apartamento no mesmo andar que o dele e o andar tinha um mordomo que ligava para saber se podia vir para "abrir" a cama. É isso mesmo, rs. Não era para arrumar a cama. Era para preparar a cama para quando eu fosse dormir. E não importava que eu dissesse que não, ele viria num horário que eu não estivesse e "abriria" a cama. Eu disse para meu cliente que eu poderia acostumar com aquilo.

Mas de verdade, acho que não acostumaria com aquilo não. Gosto muito da minha liberdade e da minha privacidade.

Tem alguns mimos que eu aprecio mas que não tenho vontade de pagar preços absurdos. Nunca fui de comprar marcas, mas gosto da Lacoste e hoje tenho apenas duas, porque mesmo que eu possa fazer essa extravagância uma vez que tenho poucos desejos, não acho razoável pagar perto de quinhentos reais por uma camisa polo. Estou muito feliz com as camisetas Hering e com as Havaianas, as quais tenho muitas.

O pensamento veio porque depois de muito tempo está chegando ao fim a minha caixa de 200 unidades de 35ml do shampoo Harus que o gerente do hotel nos Lençóis Maranhenses teve a delicadeza de me ceder. Isso dá sete litros de shampoo.

Aí vem aquelas coisas que aqui chamariam coisas de gente "maniada". Em vez de me conformar fui buscar uma solução com a Harus que não atende pessoas físicas e eles foram gentis o suficiente para colocar um representante independente para entrar em contato comigo e dele estar interessado em me ajudar a realizar esse desejo. Ainda não chegamos ao produto específico que eu quero mas ele está inclusive consultando a fábrica para saber exatamente de que produto estamos falando e já me adiantou que isso deve custar em torno de R$ 555,00 reais, para novamente eu ter sete litros do shampoo que eu gosto.

Sete litros é o que está pegando. O valor eu encararia desde que adotei a filosofia da minha ex-mulher de que "mais vale um gosto que um caminhão de abóboras".

Mesmo sendo capaz de pagar R$ 1.300,00 por 200 ml de Sauvage, eau de parfum e de ainda ter um vidro de Pour Homme de Capucci, que não se fabrica mais, na maior parte do tempo estou usando a baby lavanda da Johnsons e o Malbec bleu do Boticário.

A vida está organizadinha porque eu não sou vaidoso e preciso de pouco para viver mas tem uma outra coisa que me levou a pensar sobre esse assunto.

Já tive dois carros antigos e hoje quero passar longe dessa confusão. Acho bonitos, gosto de ver, mas não quero para mim. Até gostaria de dar uma voltinha em algum deles. Mas não é complicado ter as miniaturas dos que tem algum significado na minha vida e de pouco tempo para cá venho buscando alguns deles. Algumas delas são os quatro carros que sei que meu pai, que morreu aos cinquenta e dois anos, teve, como se isso fosse uma homenagem a ele também.

Tive poucos ídolos na vida e um deles foi o Ayrton Senna. Algumas vezes pensei na possibilidade de comprar uma réplica do capacete dele, que é uma coisa grande para se ter num apartamento relativamente pequeno. Ontem quando eu comprava dois desses carros que meu pai teve encontrei a miniatura de alguns dos carros com quem o Ayrton correu e comprei uma delas. Está na hora de fazer uma nova foto minha com ele e mais ninguém porque a que está ali está perdendo um pouco da cor.

Está tudo muito bem, mas, na idade em que estou, do jeito que a vida está, eu não tenho o direito de adiar ou de não ter essas coisas.

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