Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem,
nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém é demasiado jovem ou
demasiado velho para alcançar a saúde do espírito.
É necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a
felicidade, já que, estando presente tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para
alcançá-la.
Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada,
visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a
privação das sensações.
Aquilo que não nos perturba quando presente não deveria
afligir-nos enquanto está sendo esperado.
Para o sábio viver não é um fardo e não viver não é um mal.
O conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda
recusa e toda escolha para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito,
visto que é esta a finalidade da vida feliz: em razão desse fim praticamos
todas as ações, para nos afastarmos da dor e do medo.
De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos
pela sua ausência; ao contrário, quando não sofremos, essa necessidade não se
faz sentir. É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e o fim de
uma vida feliz e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção
entre prazer e dor.
Consideramos a autossuficiência um grande bem; não que
devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos com esse pouco caso
não tenhamos o muito.
Desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela.
Habituar-se com as coisas simples, não só é conveniente para
a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente
as adversidades da vida.
Quando dizemos que o fim último é o prazer estamos nos
referindo o prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da
alma.
A prudência é o princípio e o supremo bem; é dela que se
originaram todas as demais virtudes.
Mais vale aceitar o mito do deuses, do que ser escravo dos
naturalistas.
A sorte não é uma divindade (pois um deus não faz nada ao
acaso), nem algo incerto, o sábio não crê que ela proporcione aos homens nenhum bemnou nenhum mal.
É preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e
tolo; na prática é melhor que um bom projeto não chegue a um bom termo, do que
chegue a ter êxito um projeto mau.
Medita e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado,
quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha
absolutamente a um mortal o homem que vive entre os bens imortais.
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