Durante a pandemia do Coronavírus passei por alguns estados de espírito, mas nada foi de maior impacto para mim que a live "A Febre da Filosofia na Pandemia". Assisti algumas vezes e uma das coisas que mais gostei e me identifiquei foi o conceito de CONATUS que gastei um tempo para transformar o áudio em texto:
O conceito de CONATUS ganha larga circulação a partir de
Spinoza. Vai ser bem importante no Idealismo Alemão, no Romantismo chegando até
o conceito do super homem do século 20 (Übermensch) de Nietzsche.
É aquele impulso que o ser tem para permanecer sendo ele
mesmo. Uma espécie de potência que faz com que ele permaneça sendo ele mesmo e
que ele sobreviva, digamos, ao meio que está em sua volta, aos obstáculos que
são colocados à ele e que, numa linguagem mais comum, que ele seja ele
mesmo, que ele descubra a sua potência,
inclusive, descubra que em sendo autêntico, ele consiga ser ele mesmo, que ele
consiga sobreviver.
Tudo que tenta me matar e não me mata me torna mais forte.
O Conatus é o avô do da vontade de potência Nietzcheana.
O Conatus a pessoa que vive o Conatus, que se identifica com
o conatus com essa força que faz com que ele permaneça no ser é uma das coisas
que é a origem do conceito de super homem do Nietzche.
Se a gente pensar nesse momento conatus tem muito a ver com
coragem, tem muito a ver com você poder realizar aquilo que faz com que você
sinta que você permanece sendo você e que você permanece sendo, portanto, você
permanece existindo.
Conatus não tem nada que ver com você ser simplesmente um
covarde, que se esconde embaixo da cama e espera que o resto das pessoas faça
tudo por você. Isso não é conatus, isso é covardia e é tudo o contrário do que
Espinoza tinha em sua cabeça na sua Ética.
Conatus é uma potência de realizar a si mesmo na sua
realidade, e portanto, para você realizar essa potência você tem que “ir pro
pau”, ir para cima. Tem que enfrentar a dificuldade. Nessa pandemia o Conatus
poderia ajudar no momento que você saiba que você tem que segurar o tranco e
não circular muito por aí, você não podia dar uma de delinquente.
O conatus seguramente ajuda quando você está deitado na cama
em pânico e começa a pensar: “Fulano falou que iam morrer 17 mil pessoas.
Beltrano falou que vai morrer 80 mil pessoas. Não sei quem falou, chique pra
cacete, que vão morrer um milhão e meio de brasileiros em três meses e você
começa a ficar em pânico e aí vem uma ideia e você começa a pensar o seguinte:
Meu, vou ligar o Netflix.
Vou ver uma série que eu gosto pra caramba, policial, que
tem “umas mina gostosa”, é forte, vou parar de ficar vendo essa disputa entre
epidemiologistas, cada um querendo dar a última palavra sobre a pandemia, quem
vai morrer mais e quando vai morrer, vai explicar porque não estão morrendo
aqui e agora e sei lá o que. Desliga e vai ver Netflix, ou quem sabe se você
tiver a sorte de ter alguém do seu lado, começa a passar a mão e quem sabe a
pessoa se anima e rola. E depois você vai dormir e não vai nem lembrar daquela
última previsão que ouviu que o infeliz mandou para você pelo whatsapp e que
você começou a achar que ia morrer e que
na primeira tosse você: Estou com o coronavírus!
E por último como exemplo que pode te ajudar.
Vamos fazer uma ficção do Conatus.
Imagina o Conatus pensando:
“Eu como Conatus estou presente no ser de tudo que existe, inclusive no
ser humano, sei que outros conatus já passaram por isso e eles venceram, eles
sobreviveram. Eu vou sobreviver ao raio dessa pandemia. Eu vou tomar os cuidados que eu tenha que
tomar, mas se eu tiver que trabalhar eu vou trabalhar. Não vou olhar para todo mundo como se todo
mundo fosse um enorme coronavírus circulando. E eu sim vou ver capaz de num
dado momento, a partir de certas informações, que se repetem, eu vou perceber
que eu posso sim sair, que eu posso sim andar no parque, eu posso sim trabalhar,
não preciso beijar a parede.
O auge do conatus vai ser quando ele recuperar a coragem e
puder beijar uma "mina" na boca quando ele tiver vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário